terça-feira, 27 de maio de 2014

Texto e Contexto

O texto não é um mero aglomerado de frases. Mesmo que seja um conjunto diferenciado delas, uma não sobrevive sem a outra, pois elas sozinhas perdem o sentido real proposto pelo autor, pois toda e qualquer informação dada em um texto é interligada a uma anterior ou posterior. Se alguém começa a leitura de uma frase do meio de um texto, ela não fará sentido, pois precisaria saber das anteriores e saber como o autor chegou àquele trecho lido, isso é a interligação dita anteriormente, quando uma frase sozinha só tem o valor apropriado se estando em um conjunto, cada uma fortificando e acrescendo ao sentido do texto, criando assim um contexto.
O contexto seria todo o significado que as palavras juntas trazem.Significado que dá vida às ações, narrações, argumentações ou acontecimentos. Sem o contexto esclarecido pelo leitor, não há lógica para quem o lê, pois é ele quem explica o que aconteceu e deixa um pano de fundo para ser levado consigo até o fim da leitura.
Além do entendimento, o contexto precisa de certos apoios para fazer sentido ao leitor. São os outros fatores dados como importantes, como a memória do leitor, onde buscamos imagens vivenciais, locais, sociais e a relação com os outros, além de outras informações importantes que nos moldam. Servindo com um bando de dados que auxilia na leitura e na compreensão.
Como por exemplo, em dissertações, onde precisamos começá-la com uma introdução do tema, dando um contexto para que o leitor enxergue as argumentações usadas se baseando no assunto referido na introdução e possa entender o ponto de vistae a opinião do autor sobre o tema proposto.
As argumentações também podem ser chamadas de contextualizações. Como em um texto narrativo, onde o contexto é o plano que rege toda a história, o que motiva a continuidade da história e a motivação dos personagens, lhes dá objetivos e justifica seus atos. Por isso que não dá para começar a ler um livro no meio, pois você vai enxergar uma situação sem contexto, o que prejudica o bom entendimento da leitura. Muitas vezes também um texto é ambíguo e possui situações implícitas, deixando para o leitor buscar essas informações por si só e criando uma interpretação própria do ocorrido nos parágrafos, fazendo-o usar o que é chamado de “conhecimento de mundo”.
Abaixo temos um exemplo de um texto assim:

“Eu encontrei um viajante de uma terra antiga
Que disse:—Duas gigantescas pernas de pedra sem torso
Erguem-se no deserto. Perto delas na areia,
Meio afundada, jaz um rosto partido, cuja expressão
E lábios franzidos e escárnio de frieza no comando
Dizem que seu escultor bem aquelas paixões leu
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas partes sem vida,
A mão que os zombava e o coração que os alimentava.
E no pedestal estas palavras aparecem:
"Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!"
Nada resta: junto à decadência
Das ruínas colossais, ilimitadas e nuas
As areias solitárias e inacabáveis estendem-se à distância.”
Ozymandias; Bysshe Shelley, Percy; 1818.


O soneto acima faz uso de palavras complexas e uma situação até então sem sentido lógico para que o leitor entenda o fundo daquilo fazendo uma comparação com algo real. Criando algo profundo e de difícil entendimento, mas que dá para perceber perfeitamente seu sentido se o leitor parar para pensar e refletir sobre o que foi lido. Assim funcionammuitas obras, onde o contexto está oculto, afim de que o leitor tenha uma carga de conhecimento boa o suficiente para que compreenda seu sentido. São trechos conjuntos que formam uma profunda interpretação, e quem não possui um grau de conhecimento de leitura não consegue interpretar o real sentido proposto pelo autor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário