terça-feira, 20 de maio de 2014

Teoria do Texto
Do Contexto aos Elementos Coesivos

Em um todo há dois tipos de leitores: os que lêem um texto e só enxergam o lado superficial dele, apenas o óbvio ou não enxergam nada – quando ele é mais complexo do que estão acostumados; E os que ao lerem um texto conseguem captar tudo o que o autor quis dizer, entendendo sua essência e aprofundando seu significado, usando de todo o conhecimento que possui para tirar o máximo de informações o possível. Para isso é preciso ter um estudo, aprender a interpretar, entender como um texto é feito, e saber que nenhum texto é ingênuo, nunca são apenas um amontoado de palavras juntas, todo texto tem uma intencionalidade, um objetivo. Mas para entender isso é preciso saber uma quantidade gama de regras e conceitos, que auxiliam em uma leitura e em uma análise do texto lido, para isso que a matéria de Teoria do Texto é necessária, pois ela consegue introduzir esses conceitos e ensinar a pessoa a ler, o que é muito importante no mundo em que vivemos.
O começo da matéria já começou com um assunto importante, uma visão de cima de um texto, o contexto. Mas antes do contexto outros fatores são dados como importantes, como a memória do leitor, onde buscamos imagens vivenciais, locais, sociais e a relação com os outros, além de outras informações importantes que nos moldam. Sempre que lemos um texto buscamos isso tudo, assim conseguimos imaginar em nossas mentes os locais descritos pelo autor, entender situações pelo que o protagonista passa até para julgar como certo ou errado certos atos que acontecem com os personagens e assim por diante. Sem essa busca de memórias não há compreensão, apenas palavras vazias e sem contexto, que é uma das bases mais importantes de um texto. O contexto é todo o significado que as palavras juntas trazem, o que dá a vida à ações, narrações, argumentações ou acontecimentos. Sem o contexto entendido pelo leitor, não há lógica para quem o lê, pois é ele quem explica o que aconteceu e deixa um pano de fundo para ser levado consigo até o fim da leitura.
Como por exemplo, em dissertações, onde precisamos começá-lo com uma introdução do tema, dando um contexto para que o leitor, ao ver as argumentações usadas, possa entender seu ponto de vista e a sua opinião sobre o tema proposto. As argumentações também podem ser chamadas de contextualizações. Ou em um texto narrativo, onde o contexto é o plano que rege toda a história, o que motiva a continuidade da história e a motivação dos personagens, lhes dá objetivos e justifica seus atos. Por isso que não dá para começar a ler um livro no meio, pois você vai enxergar uma situação sem contexto, o que estraga o bom entendimento da leitura. Muitas vezes também um texto é ambíguo e com situações implícitas, deixando para o leitor buscar essas informações por si só e criando uma interpretação própria do ocorrido nos parágrafos, fazendo-o usar o que é chamado de “conhecimento de mundo”.
Colocando em palavras breves, contextualizar é explicar, dar informações necessárias para o bom entendimento. Dar uma luz ao leitor para que ele compreenda perfeitamente o caminho que aquelas frases estão fazendo, fazendo-o segui - las com clareza e vendo com nitidez o caminho que está trilhando.
Há um soneto chamado de Ozymandias, escrito em 1818 pelo Percy Bysshe Shelley, nele o autor faz uso de palavras complexas e uma situação até então simples para que o leitor entenda o fundo daquilo fazendo uma comparação com algo real. Criando algo complexo, mas que dá para entender perfeitamente seu sentido se parar para pensar e refletir. Assim funciona com muitas outras obras, onde o contexto está às escondidas, afim de que o leitor tenha uma carga de conhecimento boa o suficiente para que ele compreenda seu sentido. São tipos de textos que não foram feitos para quem não sabe como ler e interpretar, são frases que em conjunto formam uma profunda interpretação.
O conhecimento de mundo é outro fator importantíssimo para uma boa leitura, já que é por causa desse conhecimento que você assimila situações descritas nos textos com a realidade, fazendo paralelos que reforçam a compreensão. Além de fazê-lo associar a época em que a obra foi escrita com o que é dito no texto, podendo ter influencias claras dos acontecimentos descritos no texto. Como em alguns poemas do Oswald de Andrade que retratam diretamente a história do Brasil, ou para obras como o romance 1984 escrito pelo George Orwell, que faz um paralelo com a realidade vivida pela época em que foi escrita, e incrivelmente ainda é um livro atual, podendo ser comparado até mesmo a nossa realidade, abrindo caminho para várias interpretações.
Assim, é essencial o leitor ter uma boa quantidade de conhecimento da história do mundo, seja de seu próprio país ou de outros fatores históricos importantes, para que consiga compreender algumas obras onde se cria um paralelo com a realidade, com referências e analogias claras, até mesmo fábulas que podem ser muito reais se vistas com um olhar mais aprofundado.                                                 
Fugindo um pouco do conhecimento necessário para que um texto seja compreendido, ele também precisa estar bem escrito. De modo que a leitura tenha uma harmonia e nenhuma falha gramatical que prejudique o sentido proposto pelo autor, isso é chamado de coerência, o que deixa a harmonia fluir no texto e faz as frases se complementarem, evitando que trechos se contradigam ou que retratem algo desconexo, que fuja do que estava falando anteriormente. Segundo Platão & Fiorin, “coerência deve ser entendida como unidade de texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório e nada desconexo. No texto coerente não há nenhuma parte que não se solidarize com as demais”

Há três tipos de incoerências: Narrativa, figurativa e argumentativa.
A Narrativa é quando uma informação dada numa narrativa contradiz uma anterior, não fazendo nenhuma lógica no contexto criado pelo autor. Como em um texto onde em uma cena um personagem está no Brasil fazendo algo, e descobre que precisa fazer algo na Europa, um assunto urgente. O personagem não consegue pegar o avião, mas na cena seguinte ele aparece na Europa, não explicando como chegou até ali e ficando sem sentido lógico.
A incoerência figurativa ocorre quando uma descrição feita de um personagem ou objeto não condiz com o que acontece com ele, como por exemplo, em uma narrativa, falar que certo personagem é tímido, e na cena seguinte esse personagem falar de modo extrovertido e animado com muitas pessoas de uma festa. Situação que ficaria sem sentido no contexto.
E a Argumentativa é a incoerência que pode ocorrer em dissertações, quando o autor começa a falar de um tema de certo modo e quando precisa mostrar seus argumentos, se mostra falando de idéias diferentes, contradizendo o que havia escrito na introdução. Por exemplo, em uma dissertação sobre a II guerra mundial em que a introdução retrata como uma das maiores atrocidades da história da humanidade, não se pode escrever na argumentação que o nazismo estava certo em querer dominar territórios como fez, ou até mesmo apoiar a guerra fria que houve depois, conseqüência direta da conclusão da II guerra.
Mas além da coerência há a chamada coesão, algo que liga as frases e deixa o texto palpável. Quando escrevemos um texto, ele pode ser coerente e ser entendido facilmente, deixando clara a idéia proposta pelo autor, mas se não for coeso a leitura fica dificultada, até pode mudar o sentido de algumas frases, dependendo das palavras usadas. Há vários tipos de elementos coesivos que podem usados, elementos que deixam o texto menos cansativo e evitam o uso excessivo de pontos finais.
Para isso são usados os elementos coesivos, que possuem uma grande variação de tipos, como por exemplo: de exemplificação, contraste, comparação, e outros, todos com termos que ajudam na construção de um bom texto. Alguns desses termos “são; o “pois” para explicação, “ de forma que” para comparação. Muitos textos ficam fracos ou perdem sua beleza pela falta desses elementos coesivos, que são tão importantes por darem estéticas e deixar o texto fácil de ler, além de evitar o uso excessivo de pontos finais.
O ato de escrever um texto fraco não é exatamente culpa de quem o escreve, pois ele pode não ter tido o incentivo o suficiente quando menor. Sempre dizem que quem sabe ler sabe escrever, e para isso o individuo precisa ser incentivado na escola a ler, desde pequeno estando em contato com os livros. Tarefa que não é fácil para o professores, por o sistema não dá as ferramentas necessárias para que ele possa dar o incentivo certo para o aluno, deixando a responsabilidade de formar pessoas pensantes e leitoras para a criatividade do professor, que precisa pensar em formas para que o aluno ganhe o gosto pela leitura desde pequeno, talvez lendo livros clássicos infantis, o que além de formar o gosto pela leitura dará lições que a criança pode levar para frente, afinal, a leitura é uma ferramenta poderosa, além de que essa criança pode ir aprendendo inconscientemente sobre a prática da escrita, ao ver tantas historias e frases escritas. Muitas pessoas podem saber escrever, mas não saber dar nome aos termos que usa, não sabendo as regras na teoria, mas ele sabe escrever, pois aprendeu como era lendo vários livros.

                       Adriana – Gustavo – Jésus - Mônica

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