domingo, 8 de junho de 2014


4. DESENVOLVIMENTO DE TEORIAS DO TEXTO - PROFESSORA ELIANE MERGULHÃO

Os níveis de estrutura do texto: Processamento Textual/Organização
Estrutural - Coesão e Coerência - Análises e reflexões;
Superestrutural (tipologias);
Macroestrutural (Níveis semântico, pragmático e cognitivo);
Microestrutural (Superfície linguística);
Aprofundamento dos fatores de Coesão e de Coerência.

4.1. PROCESSAMENTO TEXTUAL

Deve ser compreendido através de sistemas de conhecimento acionados no
texto e no contexto de produção (Koch, op. cit.).
Considerando o texto como um processo, HEINEMANN e VIEHWEGER
definem três grandes sistemas de conhecimento, responsáveis pelo
processamento textual:

Conhecimento Linguístico ou de Língua: Compreende ao
conhecimento do léxico e da gramática, responsável pela escolha dos
termos e pela organização do material linguístico na superfície textual,
inclusive dos elementos coesivos.

Conhecimento enciclopédico ou de mundo: Corresponde às
informações armazenadas na memória de cada sujeito. O conhecimento
de mundo abrange o conhecimento manifestado por enunciações acerca
dos fatos do mundo. E o conhecimento episódico e intuitivo, adquirido
por via da experiência, e acontecimentos vividos por cada indivíduo.

Conhecimento Interacional: Compreende a dimensão interpessoal
da linguagem, ou seja, com a realização de certas ações. O meio da
linguagem divide-se em:

Conhecimento Ilocucional – Reconhece os objetivos pretendidos
pelo produtor do texto.

Conhecimento Comunicacional – Quantidade de informação
necessária para que seja capaz de reconstruir o objetivo da
produção de texto.

Conhecimento Metacomunicacional – É aquele que permite
assegurar a compreensão do texto.
Conhecimento Superestrutural – Permite a identificação de textos
com exemplares adequados aos diversos tipos de textos.

4.2. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL
Alguns autores como Dijk (2000), Koch (1997), Fávero (1995), Kleiman (2004), orientam uma organização textual a partir de três níveis estruturais, inter-relacionáveis entre si:
Superestrutural De nível global. Relações esquemático-cognitivas.
Exemplo – Modelos globais (Frames, Esquemas, Planos e Scripts)
Microestrutural – De nível de superfície linguística. Relações de coesão textual.
Exemplo – Coesão: É o conjunto de recursos linguísticos responsáveis pelas
ligações que se estabelecem entre os termos de uma frase, entre as orações
de um período ou de parágrafos de um texto.
É uma ligação necessária para que as partes componham harmonicamente
o todo, deixando o texto mais agradável à leitura. Os tipos mais comuns de
coesão:
Coesão Referencial
Diz respeito aos elementos que têm a função de estabelecer referência.
Não são interpretados pelo seu sentido próprio, mas refere-se a alguma outra coisa, relacionando o signo a um objeto. A coesão referencial é obtida por meio da substituição e reiteração de termos.
Coesão Recorrencial
Dá-se quando, apesar de retomadas estruturais, a informação progride, o discurso segue a diante. A coesão recorrencial é obtida por meio da ecorrência de termo, paralelismo, paráfrase e recursos fonológicos.
Coesão Sequencial
Tem por função, assim como a recorrencial, fazer o texto progredir, encaminhar o fluxo informacional, porém não pela retomada de itens ou estruturas, mas pela sequenciação das sentenças através de mecanismos temporais e conectivos.
Macroestrutural – De nível semântico. Relações de Coerência textual.
Exemplo – Coerência: É a unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto
harmonioso, onde todas as partes se encaixam perfeitamente, de modo que
não haja nada contraditório, nem ilógico. Mas um texto coerente não é só um
texto harmonioso, existem outras formas de identificar coerência em redações.
E são elas:
Coerência Narrativa
É a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas existentes entre as partes da narrativa.
Coerência Argumentativa
É a que diz respeito às relações de implicação ou de adequação que se estabelecem entre certos pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e as conclusões que se tira deles, as consequências que se fazem deles decorrer.
Coerência Figurativa
Diz respeito às figuras de linguagem para manifestar um dado tema ou à compatibilidade de figuras entre si.
Coerência Temporal
É aquela que respeita as leis da sucessividade dos eventos, ou apresenta uma compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo.
Coerência espacial
Diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto de vista da localização espacial.
Coerência no nível de linguagem
Do ponto de vista da variante linguística escolhida, no nível do léxico e das estruturas sintéticas utilizadas no texto.

Critérios de Textualidade segundo Koch (1997); Fávero (1995) e Bentes (2003), dentre os quais, os mais importantes são:

Conhecimento de mundo e conhecimento partilhado – Conhecimento
de mundo é toda a memória de vida (social; histórica e individual), armazenada mentalmente. E o conhecimento partilhado é a intersecção de conhecimentos comuns compartilhados por produtor e receptor na interação comunicativa;
Intertextualidade – É um fator importante para o processamento cognitivo do texto, na medida em que recorre ao conhecimento de outros textos e, ao conhecimento enciclopédico ou de mundo. Todo texto traz em si, em níveis variáveis, um grau de intertextualidade, seja ela explícita (quando há indicação da fonte) ou implícita (quando não há indicação da fonte);
Intencionalidade – Esse critério tem uma forte relação com a argumentatividade e refere-se à forma como os sujeitos usam textos a fim de perseguir e realizar suas intenções, de modo que seus textos produzam - se adequados à obtenção dos efeitos desejados.
E segundo a nossa Professora Doutora Eliane, “Não existe texto ingênuo, sempre há uma intencionalidade...”.

4.3. RELEVÂNCIA DAS DIFERENÇAS ENTRE TEXTO ESCRITO E ORAL NO USO E NA CONSTRUÇÃO – analises e reflexões.

Textos orais e textos escritos têm semelhanças devido a sua mesma origem processual, mas apresentam entre si diferenças formais e funcionais. Formais, pois os textos orais são passíveis de mudanças instantâneas no decorrer da sua comunicação, já os escritos são imutáveis e tem seu alcance prolongado. Textos orais são mais fluídos, naturais, enquanto textos escritos dependem de um prévio conhecimento do interlocutor e só alcançam essa fluidez depois que
sua prática se torna automática. A oralidade dá vazão a características dialéticas sejam geográficas, socioculturais ou contextuais, que passam despercebidas nos textos escritos e sua estrutura normativa. Enquanto o texto oral em sua elaboração conta com recursos paralinguísticos, prosódicos e linguísticos que ajudam na compreensão da mensagem, os textos escritos analisam o nível léxico, selecionam os melhores termos e combinam os sons. Quanto a diferenças funcionais, os textos orais existem desde o surgimento do homem e independe de instrução para ser compreendido, já a escrita é recente e dentro de sociedades como a brasileira que muitos não tem acesso a educação, a oralidade ainda prevalece. Contudo ambos os textos são importantes, cada um ao seu modo contribui para perpetuar conhecimentos, seja de cultura popular como faz a tradição oral ou no estudo tecnológico e científico que tem sua difusão impossível sem a escrita.

4.4. APLICAÇÃO NA ESCOLA
A Língua escrita é bastante difundida na escola, pois o que é passado aos alunos em sala é a importância da “decoreba”. Em todas as disciplinas das escolas públicas e particulares é comum encontrar professores passando matérias no quadro para o aluno ler, entender e decorar para a prova no final do bimestre ou semestre. Raramente é oferecida a oportunidade ao aluno de mostrar o que sabe aos colegas e ao professor, e talvez até expressar o que sente e o que pensa sobre determinado assunto, opinar em algumas situações. Infelizmente não é dado esse espaço, essa liberdade para o aluno se expressar e dizer se está satisfeito com o ensino, com os professores, com a escola, com a estrutura escolar, afinal a escola deve ser a principal interessada no bem estar do aluno, pois é com cada um deles que ela ainda continua sendo a maior instituição motivadora e de grande influência para o futuro desses jovens. A Língua falada também deve ser praticada na escola e ensinada de maneira que os alunos se sintam livres e se interessem em estudar e comece assim a crescer mentalmente.

4.5. CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO PARA O ESTUDO E ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE FALA E ESCRITA.
Tópico discursivo; transcrição de dados orais; recursos não verbais; passagem/assalto/manutenção de turno; marcadores conversacionais.
Esta área tem um caráter interdisciplinar, na medida em que divide alguns pressupostos teóricos com outras áreas. Ela busca estabelecer relações com a exterioridade da linguagem, problematizando a pragmática, a análise do discurso, a semiótica discursiva e a própria Linguística textual, esta área também mobiliza saberes de outras ciências como a filosofia da linguagem, a antropologia, a história, a sociologia, a psicanalise e as ciências cognitivas.
Foi na década de 1980 que foi lançado no Brasil, o primeiro livro nessa área com o título “Análise da conversação”, de Luiz Antônio Marcuschi (1986/2007b). Para este autor a conversação é o exercício prático das potencialidades cognitivas do ser humano em suas relações
interpessoais, tornando-se assim um dos melhores testes para a organização e funcionamento da cognição na complexa atividade da comunicação humana.
Para a Etnometodologia, os analistas têm de ser perceptivos aos fenômenos interacionais, centrando-se nos detalhes estruturais do processo interativo.
A AC deve preocupar-se, sobretudo com a especificação dos conhecimentos linguísticos, paralinguísticos e socioculturais partilhados para que a interação seja bem sucedida. Marcuschi aponta que uma vez definida as características da conversação, pode-se partir para o sistema básico de sua operação e diz que um dado é certo: toda a conversação é sempre situada em alguma circunstância ou contexto em que os participantes estão engajados. O autor diz que a tomada de turno é uma operação básica da conversação, onde o turno passa a ser um dos componentes centrais do modelo. Com isso, o turno pode ser tido como aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo aí a possibilidade do silêncio.

Os marcadores do texto conversacional são específicos e com funções tanto conversacionais como sintáticos. Aponta classes de marcadores, tipos, funções e posições. O autor explica cada um desses pontos trazendo análises juntamente com exemplos e mostra que a abordagem não é completa e talvez sequer seja representativa. Serve de indicação para estudos futuros uma vez que os elementos são cruciais para se ter uma melhor visão do que é específico de fala e dão medida de naturalidade.

4.6. A IMPORTANCIA DO APRENDIZADO DAS TEORIAS DE LEITURA
Concepções do ensino de leitura

Ana, Mainá e Rodrigo.

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