4. DESENVOLVIMENTO DE
TEORIAS DO TEXTO - PROFESSORA ELIANE MERGULHÃO
• Os níveis de
estrutura do texto: Processamento Textual/Organização
Estrutural - Coesão e
Coerência - Análises e reflexões;
• Superestrutural
(tipologias);
• Macroestrutural
(Níveis semântico, pragmático e cognitivo);
• Microestrutural
(Superfície linguística);
• Aprofundamento dos
fatores de Coesão e de Coerência.
4.1. PROCESSAMENTO
TEXTUAL
Deve ser compreendido
através de sistemas de conhecimento acionados no
texto e no contexto de
produção (Koch, op. cit.).
Considerando o texto como
um processo, HEINEMANN e VIEHWEGER
definem três grandes
sistemas de conhecimento, responsáveis pelo
processamento textual:
• Conhecimento
Linguístico ou de Língua:
Compreende ao
conhecimento do léxico e
da gramática, responsável pela escolha dos
termos e pela organização
do material linguístico na superfície textual,
inclusive dos elementos
coesivos.
• Conhecimento
enciclopédico ou de mundo:
Corresponde às
informações armazenadas
na memória de cada sujeito. O conhecimento
de mundo abrange o
conhecimento manifestado por enunciações acerca
dos fatos do mundo. E o
conhecimento episódico e intuitivo, adquirido
por via da experiência,
e acontecimentos vividos por cada indivíduo.
• Conhecimento
Interacional:
Compreende a dimensão interpessoal
da linguagem, ou seja,
com a realização de certas ações. O meio da
linguagem divide-se em:
Conhecimento
Ilocucional
– Reconhece os objetivos pretendidos
pelo produtor do texto.
Conhecimento
Comunicacional
– Quantidade de informação
necessária para que seja
capaz de reconstruir o objetivo da
produção de texto.
Conhecimento
Metacomunicacional
– É aquele que permite
assegurar a compreensão
do texto.
Conhecimento
Superestrutural –
Permite a identificação de textos
com exemplares adequados
aos diversos tipos de textos.
4.2. ORGANIZAÇÃO
ESTRUTURAL
Alguns autores como Dijk
(2000), Koch (1997), Fávero (1995), Kleiman (2004), orientam uma
organização textual a partir de três níveis estruturais,
inter-relacionáveis entre si:
Superestrutural
–
De nível global. Relações esquemático-cognitivas.
Exemplo – Modelos
globais (Frames, Esquemas, Planos e Scripts)
Microestrutural
– De
nível de superfície linguística. Relações de coesão textual.
Exemplo
–
Coesão:
É o conjunto de recursos linguísticos responsáveis pelas
ligações que se
estabelecem entre os termos de uma frase, entre as orações
de um período ou de
parágrafos de um texto.
É uma ligação
necessária para que as partes componham harmonicamente
o todo, deixando o texto
mais agradável à leitura. Os tipos mais comuns de
coesão:
• Coesão
Referencial
Diz respeito aos
elementos que têm a função de estabelecer referência.
Não são interpretados
pelo seu sentido próprio, mas refere-se a alguma outra coisa,
relacionando o signo a um objeto. A coesão referencial é obtida por
meio da substituição e reiteração de termos.
• Coesão
Recorrencial
Dá-se quando, apesar de
retomadas estruturais, a informação progride, o discurso segue a
diante. A coesão recorrencial é obtida por meio da ecorrência de
termo, paralelismo, paráfrase e recursos fonológicos.
• Coesão Sequencial
Tem por função, assim
como a recorrencial, fazer o texto progredir, encaminhar o fluxo
informacional, porém não pela retomada de itens ou estruturas, mas
pela sequenciação das sentenças através de mecanismos temporais e
conectivos.
Macroestrutural
– De nível semântico. Relações de Coerência textual.
Exemplo – Coerência: É
a unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto
harmonioso, onde todas as
partes se encaixam perfeitamente, de modo que
não haja nada
contraditório, nem ilógico. Mas um texto coerente não é só um
texto harmonioso, existem
outras formas de identificar coerência em redações.
E são elas:
• Coerência
Narrativa
É a que ocorre quando se
respeitam as implicações lógicas existentes entre as partes da
narrativa.
• Coerência
Argumentativa
É a que diz respeito às
relações de implicação ou de adequação que se estabelecem entre
certos pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e
as conclusões que se tira deles, as consequências que se fazem
deles decorrer.
• Coerência
Figurativa
Diz respeito às figuras
de linguagem para manifestar um dado tema ou à compatibilidade de
figuras entre si.
• Coerência
Temporal
É aquela que respeita as
leis da sucessividade dos eventos, ou apresenta uma compatibilidade
entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no
tempo.
• Coerência
espacial
Diz respeito à
compatibilidade entre os enunciados do ponto de vista da localização
espacial.
• Coerência no
nível de linguagem
Do ponto de vista da
variante linguística escolhida, no nível do léxico e das
estruturas sintéticas utilizadas no texto.
Critérios de
Textualidade segundo Koch (1997); Fávero (1995) e Bentes (2003),
dentre os quais, os mais importantes são:
• Conhecimento
de mundo e conhecimento partilhado
– Conhecimento
de mundo é toda a
memória de vida (social; histórica e individual), armazenada
mentalmente. E o conhecimento partilhado é a intersecção de
conhecimentos comuns compartilhados por produtor e receptor na
interação comunicativa;
• Intertextualidade
– É um fator importante para o processamento cognitivo do texto,
na medida em que recorre ao conhecimento de outros textos e, ao
conhecimento enciclopédico ou de mundo. Todo texto traz em si, em
níveis variáveis, um grau de intertextualidade, seja ela explícita
(quando há indicação da fonte) ou implícita (quando não há
indicação da fonte);
• Intencionalidade
– Esse critério tem uma forte relação com a argumentatividade e
refere-se à forma como os sujeitos usam textos a fim de perseguir e
realizar suas intenções, de modo que seus textos produzam - se
adequados à obtenção dos efeitos desejados.
E segundo a nossa
Professora Doutora Eliane, “Não existe texto ingênuo, sempre há
uma intencionalidade...”.
4.3.
RELEVÂNCIA DAS DIFERENÇAS ENTRE TEXTO ESCRITO E ORAL NO USO E NA
CONSTRUÇÃO – analises
e reflexões.
Textos orais e textos
escritos têm semelhanças devido a sua mesma origem processual, mas
apresentam entre si diferenças formais e funcionais. Formais, pois
os textos orais são passíveis de mudanças instantâneas no
decorrer da sua comunicação, já os escritos são imutáveis e tem
seu alcance prolongado. Textos orais são mais fluídos, naturais,
enquanto textos escritos dependem de um prévio conhecimento do
interlocutor e só alcançam essa fluidez depois que
sua prática se torna
automática. A oralidade dá vazão a características dialéticas
sejam geográficas, socioculturais ou contextuais, que passam
despercebidas nos textos escritos e sua estrutura normativa. Enquanto
o texto oral em sua elaboração conta com recursos paralinguísticos,
prosódicos e linguísticos que ajudam na compreensão da mensagem,
os textos escritos analisam o nível léxico, selecionam os melhores
termos e combinam os sons. Quanto a diferenças funcionais, os textos
orais existem desde o surgimento do homem e independe de instrução
para ser compreendido, já a escrita é recente e dentro de
sociedades como a brasileira que muitos não tem acesso a educação,
a oralidade ainda prevalece. Contudo ambos os textos são
importantes, cada um ao seu modo contribui para perpetuar
conhecimentos, seja de cultura popular como faz a tradição oral ou
no estudo tecnológico e científico que tem sua difusão impossível
sem a escrita.
4.4. APLICAÇÃO NA
ESCOLA
A Língua escrita é
bastante difundida na escola, pois o que é passado aos alunos em
sala é a importância da “decoreba”. Em todas as disciplinas das
escolas públicas e particulares é comum encontrar professores
passando matérias no quadro para o aluno ler, entender e decorar
para a prova no final do bimestre ou semestre. Raramente é oferecida
a oportunidade ao aluno de mostrar o que sabe aos colegas e ao
professor, e talvez até expressar o que sente e o que pensa sobre
determinado assunto, opinar em algumas situações. Infelizmente não
é dado esse espaço, essa liberdade para o aluno se expressar e
dizer se está satisfeito com o ensino, com os professores, com a
escola, com a estrutura escolar, afinal a escola deve ser a principal
interessada no bem estar do aluno, pois é com cada um deles que ela
ainda continua sendo a maior instituição motivadora e de grande
influência para o futuro desses jovens. A Língua falada também
deve ser praticada na escola e ensinada de maneira que os alunos se
sintam livres e se interessem em estudar e comece assim a crescer
mentalmente.
4.5. CONTRIBUIÇÕES
DA ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO PARA O ESTUDO E ANÁLISE DAS RELAÇÕES
ENTRE FALA E ESCRITA.
Tópico discursivo;
transcrição de dados orais; recursos não verbais;
passagem/assalto/manutenção de turno; marcadores conversacionais.
Esta área tem um caráter
interdisciplinar, na medida em que divide alguns pressupostos
teóricos com outras áreas. Ela busca estabelecer relações com a
exterioridade da linguagem, problematizando a pragmática, a análise
do discurso, a semiótica discursiva e a própria Linguística
textual, esta área também mobiliza saberes de outras ciências como
a filosofia da linguagem, a antropologia, a história, a sociologia,
a psicanalise e as ciências cognitivas.
Foi na década de 1980
que foi lançado no Brasil, o primeiro livro nessa área com o título
“Análise da conversação”, de Luiz Antônio Marcuschi
(1986/2007b). Para este autor a conversação é o exercício prático
das potencialidades cognitivas do ser humano em suas relações
interpessoais,
tornando-se assim um dos melhores testes para a organização e
funcionamento da cognição na complexa atividade da comunicação
humana.
Para a Etnometodologia,
os analistas têm de ser perceptivos aos fenômenos interacionais,
centrando-se nos detalhes estruturais do processo interativo.
A AC deve preocupar-se,
sobretudo com a especificação dos conhecimentos linguísticos,
paralinguísticos e socioculturais partilhados para que a interação
seja bem sucedida. Marcuschi aponta que uma vez definida as
características da conversação, pode-se partir para o sistema
básico de sua operação e diz que um dado é certo: toda a
conversação é sempre situada em alguma circunstância ou contexto
em que os participantes estão engajados. O autor diz que a tomada de
turno é uma operação básica da conversação, onde o turno passa
a ser um dos componentes centrais do modelo. Com isso, o turno pode
ser tido como aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a
palavra, incluindo aí a possibilidade do silêncio.
Os marcadores do texto
conversacional são específicos e com funções tanto
conversacionais como sintáticos. Aponta classes de marcadores,
tipos, funções e posições. O autor explica cada um desses pontos
trazendo análises juntamente com exemplos e mostra que a abordagem
não é completa e talvez sequer seja representativa. Serve de
indicação para estudos futuros uma vez que os elementos são
cruciais para se ter uma melhor visão do que é específico de fala
e dão medida de naturalidade.
4.6. A IMPORTANCIA DO
APRENDIZADO DAS TEORIAS DE LEITURA
Concepções do ensino de
leitura
Ana, Mainá e Rodrigo.
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