sexta-feira, 3 de junho de 2016

Misticismo, Amor e Morte

Postado por: Mainá Alves, Letícia Maria, Ana Flávia e Edejane Paiva

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

           Logo quando falamos em Simbolismo brasileiro, associamos imediatamente o movimento literário a seu principal representante: Cruz e Sousa. Porém, Alphonsus de Guimaraens também trouxe uma grande contribuição para esse movimento tão significativo na Literatura do nosso país.
            
           O objetivo é fazer uma análise do autor e suas obras, em especial “Ismália”, uma de suas poesias mais famosas e comentadas pelos críticos literários. Alguns a consideram como a poesia do suicídio mais bonito da Literatura brasileira. Faremos uma conexão entre as características próprias do período com as do poeta. 


SIMBOLISMO NO BRASIL

            Ao contrário do que ocorreu na Europa, o Simbolismo se sobrepôs ao Parnasianismo, no Brasil. Apesar disso, a produção simbolista deixou contribuições significativas, preparando terreno para as grandes inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia.

            As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX, e seu marco introdutório foi a publicação, em 1893, das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de nosso maior simbolista: Cruz e Souza.

CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA

            Misticismo e Espiritualismo – A fuga da realidade leva o poeta simbolista ao mundo espiritual. É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Uso de vocabulário litúrgico.
            Subjetivismo – A valorização do “eu” e da “irrealidade”, negada pelos parnasianos, volta a ter importância.
            Musicalidade – Para valorizar os aspectos sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão de outros recursos fonéticos tais como:
            Aliteração: Repetição sequencial de sons consonantais. As palavras com sons parecidos fazem com que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade;
            Assonância: É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema;
            Sinestesia: Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético;
            Letras Maiúsculas: Os poetas tentam destacar palavras grafando-as com letra maiúscula.

POESIA DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS

            O poeta Alphonsus de Guimaraens foi uma das principais expressões poéticas do período simbolista. Sua obra é marcada pela influência do Ultrarromantismo (a segunda geração do Romantismo Brasileiro), trazendo temas sombrios como a morte, o misticismo e a solidão.
            A morte da mulher amada – Constança, sua prima, que faleceu com apenas 17 anos – influenciou profundamente toda sua vida e obra literária. Sua poesia, equilibrada e uniforme, mostra toda sua misticidade e espiritualidade, utilizando quase sempre o tema da morte, como salvação para a alma. Apesar de também ter escrito sobre natureza, arte e religião, de alguma forma ele relacionava ou fazia referência à morte, nos fazendo recordar sua amada, Constança.
Em relação a métrica, seus poemas revelam influências Árcades e Renascentistas, porém não caem no Formalismo Parnasiano. Ele quase sempre preferiu o verso decassílabo, mas também não deixou de explorar outras métricas, como a redondilha maior – tradicional, medieval e romântica.
            O poema Ismália, é uma das poesias mais famosas do autor, assim como uma das que mais exprime o sentimentalismo e a valorização do ser espiritual.

Ismália
 Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Análise Poética
Na poesia, Ismália é uma personagem que tem uma desorientação mental, como vemos logo nos primeiros versos "Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...". A moça se perdeu em sua loucura, deixando-se levar pelo sonho e pelo irreal. Em sua fantasia inocente, a Lua aparece como um elemento crucial entre a vida e a morte, representando a sua passagem dessa vida para um plano espiritual, trazendo a sensibilidade, o poder instintivo, os sonhos e a ilusão.
            Ismália sempre almejava a Lua – como um amor idealizado – Para tanto, ela se entregou totalmente ao seu desejo, se desprendeu da realidade, fugiu, se fechou em uma torre, ficou alheia ao mundo. O sonho de Ismália era, porém, inalcançável, como podemos ver nos versos “Queria a lua do céu, queria a lua do mar...”, há uma confusão mental, pois, a Lua do mar, nada mais é do que a própria lua refletida no mar. A única forma de realizar seu desejo é através da morte, a maior das fugas e a solução para todos os problemas que atormentam o ser humano. Sendo assim, ele finaliza com a consumação do suicídio “Sua alma, subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar...”.

Agora, para saber se você aprendeu mesmo as características do movimento literário Simbolismo no Brasil e do nosso poeta, temos a seguinte questão:

(UEPA-PA) Sobre Alphonsus de Guimaraens, afirma Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, “… foi poeta de um só tema: a morte da amada”.

Essa obsessão faz a natureza cúmplice permanente de suas dores, como se vê na seguinte estrofe desse poeta:

 (A) “Ontem, à meia-noite, estando junto
A uma igreja, lembrei-me de ter visto
Um velho que levava às costas isto:
Um caixão de defunto.”

 (B) “Espectros que têm voz, sombras que têm tristezas
Perseguem-me: e acompanho os apagados traços
De semblantes que amei fora da natureza.”

 (C) “E o sino canta em lúgubres responsos
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

 (D) “O olhar feto no chão, como desfeito
Em sangue, o velho, sem me olhar segura,
E ouvir-lhe a única frase que dizia:
Vou levando o meu leito.”

 (E) “Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.”


Vou dar um tempinho pra você pensar...







A resposta correta é...

... E

Você acertou? Parabéns!!!

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