segunda-feira, 28 de novembro de 2016

CAPITÃES DA AREIA: UMA DENÚNCIA

Este relatório, tem como objetivo principal, desenvolver uma análise e apresentar pontos essenciais para o entendimento da obra “Capitães da Areia” de Jorge Amado. 

A trama se desenrola a partir da seguinte premissa: O termo “Capitães da Areia” faz referência aos meninos de rua da cidade de Salvador, menores, cuja vida marginal é explicada, de uma forma geral, por tragédias familiares relacionadas à condição de miséria e descaso público. O grupo de meninos que forma os Capitães se esconde em um “trapiche” abandonado em uma das praias da capital baiana.

Os personagens que compõem o núcleo central da narrativa apresentam algumas particularidades: “João Grande” possui uma força bruta, porém é o mais sensível e companheiro de todos. O “Professor” é lembrado por ser o único que sabe ler. O “Sem-Pernas” é lembrado pela arrogância e amargura com que trata a todos. A opressão sertaneja é representada por “Volta-Seca”, a beleza e a sexualidade por “Gato”. A malandragem por “Boa-Vida”, e a tendência à religiosidade se manifesta em “Pirulito”. Todos são liderados por Pedro Bala.


Órfão desde muito cedo, Pedro descobre o passado de seu pai, um líder operário assassinado durante uma greve. Quem lhe dá a informação é João de Adão, organizador de greves que abre ao menino as portas da luta trabalhista. Pedro prefere continuar a organizar os assaltos e roubos cometidos pelo bando, participando das ações mais perigosas.

II. Sobre o Autor



(Imagem: www.releituras.com/jorgeamado_bio.asp)
           


Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto de 1912, e passou a infância em Ilhéus. Aos 19 anos surpreendeu a crítica e o público com o lançamento do romance "O País do Carnaval". Desenvolveu uma literatura politicamente engajada e, nos anos seguintes, publicou "Cacau" (1933), "Suor" (1934), “Jubiabá" (1935) e "Capitães da Areia" (1937).

Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo participado da Assembleia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Perdeu o mandato em 1948, depois que o PCB foi colocado na ilegalidade. Deixou o Brasil e viveu cinco anos na Europa e na Ásia.

Com Gabriela, Cravo e Canela (1958) iniciou nova fase literária, marcada por um estilo picaresco, de personagens malandros e bufões. Morreu em 6 de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais traduzido e conhecido em todo o mundo.

Suas principais obras são: "O país do carnaval" (1930), "Suor" (1934), "Mar Morto" (1936), "Capitães da areia" (1937), "Gabriela, cravo e canela" (1958), "A morte e a morte de Quincas Berro d’Água" (1961), "Dona Flor e seus dois maridos" (1966), "Tieta do agreste" (1977), "Farda, fardão, camisola de dormir" (1979) e muitas outras.

III. A Obra

III.I. Capitães da Areia e seu Caráter Social

            Publicado em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Em 1940, marcou época na vida literária brasileira, com nova edição, e a partir daí, sucederam-se as edições nacionais e em idiomas estrangeiros. A obra teve também adaptações para o rádio, teatro e cinema. Documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em páginas carregadas de beleza, dramaticidade e lirismo.

            A trama tem o espaço e o tempo bem definidos. O enredo se desenrola na capital da Bahia, a cidade de Salvador, em 1930. O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente (que sabe tudo o que ocorre). Essa característica narrativa possibilita que seja cumprida uma tarefa facilmente notada pelo leitor: mostrar o outro lado dos Capitães da Areia. O narrador, ao penetrar na mente dos garotos, apresenta não apenas as atitudes que a vida de marginalidade os obriga a tomar, mas também as aspirações, os pensamentos ingênuos e puros, comuns a qualquer criança. O narrador não se esforça por ser imparcial; participa com seus comentários e críticas, muitas vezes sutis, mas sempre favoráveis aos Capitães da Areia.

            No início da obra há uma série de reportagens fictícias que explicam a existência de um grupo de menores abandonados e marginalizados que aterrorizam a cidade de Salvador e é conhecido por Capitães da Areia. Também há cartas de leitores do jornal que apoiam o grupo ou que o repudiam. Após esta introdução, inicia-se a narrativa que gira em torno das peripécias desse grupo que sobrevive basicamente de furtos. Porém, apesar de certa linearidade, a história é contada em função dos destinos de cada integrante do grupo de forma a montar um quebra-cabeça maior.

         A obra não possui um personagem principal. Para indicar um protagonista, o mais apropriado seria apontar o conjunto do bando, ou seja, os Capitães da Areia como grupo. Isso porque as ações não giram em torno de um ou de outro personagem, mas ao redor de todos. Pedro Bala, o líder do bando, não é mais importante para o enredo do que o Sem-Pernas ou o Gato. Pode-se dizer que ele é o líder do bando, mas não lidera o eixo do romance. Daí a ideia de que o protagonista é o elemento coletivo, e cada membro do grupo funciona como uma parte da personalidade, uma faceta desse organismo maior que forma os Capitães da Areia.

           O livro é uma denúncia sobre o descaso social e político que ocorre com as crianças de rua à mercê da violência e da marginalidade. Tem um caráter jornalístico, tentando aproximar-se o máximo possível da realidade, pois sabemos que essa história apesar de ser fictícia, há muitas crianças abandonadas nas ruas, não apenas em Salvador, mas em todo o país. Também não é um problema só do Brasil, é um problema mundial.

É preocupante saber que esta obra foi escrita nos anos 30 e, ainda hoje, os jornais, telejornais e revistas trazem em suas colunas sobre problemas sociais, as notícias, com índices, gráficos e dados sobre o crescimento da violência e da marginalidade nas grandes capitais e também nas cidades de interior. Vemos a todo momento o aumento dos menores de idade envolvidos com o tráfico de drogas, prostituição e roubo. A obra pode ter mais de 70 anos, porém continua inevitavelmente atual.

O objetivo de Jorge Amado ao escrever “Capitães da Areia” é, com toda a certeza, denunciar esta situação e expor as suas críticas à sociedade burguesa da época e à não preocupação em salvar estes jovens e tirá-los das ruas para que tenham uma educação de qualidade e uma vida digna que lhes é garantido por direito em nossa Constituição, que nesse aspecto, compete às autoridades municipais e estaduais tomar providências cabíveis. E também, tomar atitudes de mudança sobre o reformatório, que logo no começo da obra, com “a carta de uma mãe”, faz uma denúncia sobre os maus tratos e as péssimas condições à que os jovens infratores são submetidos nesse lugar.

IV. Contexto Histórico

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse período foi um marco na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

A Era Vargas, teve início com a Revolução de 1930 onde expulsou do poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos:

Governo Provisório: 1930 a 1934
Governo Constitucional: 1934 a 1937
Estado Novo: 1937 a 1945

        

        Capitães da Areia, de Jorge Amado






Capitães da Areia, de Jorge Amado, tem como tema principal a sociedade, em específico os garotos de rua. A obra mostra as diferenças de classe, a má distribuição de renda e os efeitos da marginalidade na vida de crianças e adolescentes. A obra foi publicada em 1937 e pertence à primeira fase do escritor.

A narrativa, de cunho documental e realista, aborda a crueldade da vida dos meninos de rua, a luta diária por alimento e dinheiro. As desigualdades sociais e o comportamento violento dos meninos são abordados como frutos da marginalização; da desonestidade, do egoísmo e do pouco caso das classes dominantes. Mas o livro também mostra a pureza das crianças.

O ENREDO DE CAPITÃES DA AREIA


Capitães da Areia é dividido em quatro partes e a primeira é composta por supostas cartas em resposta a uma matéria sobre os capitães da areia. Algumas pessoas defendem e outras acusam o grupo. São quarenta meninos, mais ou menos, entre nove e dezesseis anos, sujos, que dormiam nas ruínas de um trapiche. Liderados por Pedro Bala, eles roubam para sobreviver, e desde muito jovens já bebiam e fumavam. Além desses pequenos expedientes, os Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães.


Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração, com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras das ruas e da areia à falsa instituição.

Um dia, a cidade de Salvador teve uma epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam isolados no lazareto. Almiro, o primeiro do grupo a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando.

Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora (que entrou para o bando tempos antes).

Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria. Após invadirem o reformatório, Pedro, Professor e Volta-Seca fugiram, levando Dora consigo. Não resistindo, ela morreu na manhã seguinte. Don’aninha embrulhou-a em uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus levou-a em seu carro, jogando-a em alto mar. Dali pra frente, cada um seguiu seu rumo na vida.

OS PERSONAGENS DE CAPITÃES DA AREIA


Pedro Bala (em cerca de 90% do livro, ele foi o chefe dos Capitães da Areia, retirando do poder Raimundo, o antigo líder), Dora (chega no meio do romance com treze para quatorze anos e era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele), Professor (único parcialmente estudado do grupo, pois era o único que sabia ler), Gato, Volta-Seca, Sem Pernas, João Grande, Pirulito, Boa Vida, João-de-Adão, Don’Aninha, Padre José Pedro e Querido-de-Deus.


DESENVOLVIMENTO DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Capitães da Areia passa toda em Salvador contando a história dos meninos de rua, que assaltavam para sobreviver. O líder do bando se apaixona pela única menina que passa a integrar o grupo tempo depois de a história começar.



PROBLEMÁTICA DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Os meninos assaltavam para garantir seu “sustento” e são presos durante uma das ações. Os dois personagens principais conseguem libertar o grupo, mas acabam sendo pegos pela polícia.



CLÍMAX DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Quando Dora e Pedro Bala são presos, mas depois saem do reformatório e se encontram para uma noite de amor.


DESFECHO DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Após serem libertados, Pedro Bala e Dora passam uma noite de amor, mas ela acaba morrendo na manhã seguinte devido aos tratamentos que recebeu quando presa.



A LINGUAGEM DE CAPITÃES DA AREIA


É coloquial com expressões ditas no cotidiano sem formalidade e sem censura.



O ESPAÇO/TEMPO EM CAPITÃES DA AREIA


A história se passa toda na Bahia, em Salvador. A obra acontece na década de 1930.



NARRADOR E FOCO NARRATIVO DE CAPITÃES DA AREIA


Narrada em terceira pessoa, sendo o autor, Jorge Amado, apenas expectador. Ele se comporta, durante todo o desenvolvimento do tema, de maneira indiferente, criando e narrando os acontecimentos sem se envolver diretamente com eles.



CONTEXTO HISTÓRICO DE CAPITÃES DA AREIA


A obra, escrita na década de 1930, tem relação com o colapso econômico do Brasil após a queda da Bolsa de Nova York. Foi quando o Brasil viveu a Revolução de 30, reflexo da revolta de jovens militares, da população de classe média, do proletariado urbano e das oligarquias nordestinas e sulistas. Jorge Amado foi um dos mais importantes militantes dessa época e um dos autores responsáveis pela criação de um estilo novo na literatura, moderno e liberto da linguagem tradicional. Nele, incorporou-se a linguagem regional e as gírias locais.



ESCOLA LITERÁRIA DE CAPITÃES DA AREIA


Modernismo.

SOBRE O AUTOR DE CAPITÃES DA AREIA



















Jornalista e romancista, Jorge Amado nasceu na cidade de Itabuna, na Bahia, em 1912. Filho do Coronel João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado, passou a infância em Ilhéus. Cursou o secundário em Salvador, e viveu a adolescência no mesmo lugar, onde teve os primeiros contatos com a vida popular, que marcaria profundamente a sua obra.

Estreou na literatura em 1930, com a publicação da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Foi traduzido para 48 idiomas e dialetos. Teve também romances adaptados para o cinema, o teatro, o rádio e a televisão.
GRUPO: Evelyn, Larissa e Mariana

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AS ADAPTAÇÕES DE DOM CASMURRO

Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é umas das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre a sociedade brasileira. Narrado em primeira pessoa, Bentinho inicia então o projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de “atar as duas pontas da vida”.
Disponibilizamos um link para conhecer melhor e fazer a leitura integral da obra, já que esta é de domínio publico.


Devido a sua importância para a literatura brasileira, verificamos que além da obra original, existem várias adaptações, que atingem as diferentes faixas etárias, como:   


  • HQ:  


    Lançado pela editora Ática na coleção Clássicos Brasileiros em HQ.



Lançado pela editora Devir, a adaptação feita por Mario Cau e Felipe Greco venceu a categoria "Melhor Adaptação para Quadrinhos" no Troféu HQMIX,  o maior prêmio latino-americano do mercado de Histórias em Quadrinhos e Humor Gráfico.

  • Série de Televisão:



Exibido pela rede globo de televisão, em 9 e 13 de dezembro de 2008, a produção foi uma homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis.

  • Cinema:

  • Teatro:


O monólogo “As Sombras de Dom Casmurro” mostra a leitura do dramaturgo Toni Brandão sobre a emblemática obra de Machado de Assis. Com direção de Débora Dubois, a peça conta a história de Bentinho, apelidado por seus conhecidos de Dom Casmurro. O personagem, vivido por Marcos Damigo, revisita o sótão de sua antiga casa, onde estão escondidas memórias dolorosas.
Como no romance de Machado, a peça revela apenas o ponto de vista de Bentinho sobre a suposta traição, usando trechos significativos da obra original. A ideia é instigar a dúvida do público sobre a confiabilidade do narrador.

  • Adaptações Livres:
Charge

Memes nas redes sociais





Grupo: Fernanda Moura, Jorge Leandro, Mariana Vieira e Willian Almeida

Bibliografia:
https://catracalivre.com.br/sp/spetaculo/barato/as-sombras-de-dom-casmurro-adapta-romance-de-machado-de-assis-ao-teatro/
http://marcojacobsen.zip.net/
http://radiotirana.blogspot.com.br/2010/11/marco-jacobsen-resolve-o-misterio-de.html
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/minisseries/capitu.htm
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/dom-casmurro-analise-da-obra-de-machado-de-assis/
http://www.infoescola.com/livros/dom-casmurro/
http://mariocau.blogspot.com.br/2014/09/evento-26-trofeu-hqmix.html
http://ocinemadeothonbastos.com.br/filmes/filme03.html
http://www.aticascipione.com.br/produto/dom-casmurro-78

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Grupo: Gilney, Mônica, Adriana, Alexandre e Geovane.  

Memórias de um Sargento de Milícias                   

 LISTA DE PERSONAGENS

 Leonardo: protagonista que garante unidade à narrativa. O sargento de milícias a que se refere o título da obra é Leonardo, embora o personagem obtenha esse cargo somente nas últimas páginas do livro. 
Leonardo Pataca: pai de Leonardo, um meirinho (oficial de Justiça) que fora vendedor de roupas em Lisboa e, durante sua viagem ao Brasil, conhece Maria das Hortaliças, o que resultará no nascimento de Leonardo. 
Maria das Hortaliças: mãe de Leonardo, uma saloia (camponesa) muito namoradeira, que abandona o filho para ficar com outro homem. 
O Compadre ou O Padrinho: é dono de uma barbearia e toma a guarda de Leonardo após os pais abandonarem a criança. Torna-se um segundo pai para ele. 
A Comadre ou A Madrinha: mulher gorda e bonachona, apresentada como ingênua, frequentadora assídua de missas e festas religiosas. 
Major Vidigal: homem alto, não muito gordo, com ares de moleirão. Apesar do aspecto pachorrento, era quem impunha a lei de modo enérgico e centralizado. 
Dona Maria: mulher idosa e muito gorda, não era bonita, mas tinha aspecto bem-cuidado. Era rica e devotada aos pobres. Tinha, contudo, o vício das demandas (disputas judiciais). 
Luisinha: sobrinha de dona Maria. Seu aspecto, inicialmente sem graça, se transforma gradualmente, até se tornar uma rapariga encantadora. 
Vidinha: mulata de 18 a 20 anos, muito bonita, que atrai as atenções de Leonardo. 

EXPERIÊNCIA DE TRABALHAR COM A OBRA

      A experiência em trabalhar com uma obra desconhecida foi de um enriquecimento acadêmico para os integrantes do grupo. A obra Memórias de um Sargento de Milícias é estudada no Ensino Médio e é material em muitos vestibulares em todo país. Ao ler a obra de Manuel Antônio de Almeida nos deparamos com o primeiro personagem Pícaro da Literatura Brasileira. O herói que foge dos padrões dos heróis do período Romantismo e tem característica que antecede o próximo período o Realismo.
      O título possui uma ambiguidade, se as memórias são contadas na obra é de um sargento que descreve sua própria estória ou de alguém contando as memórias de um sargento. Neste caso, o segundo caso é válido. O sargento é a pessoa que é lembrada.
       A obra é escrita em 3º pessoa, o autor não participa ativamente da narração, o autor fica de fora, limitando- se somente a nos repassar o que vê. Assim o narrador é onisciente no qual oscila em dar palpites no decorrer da narração.
“ Os leitores devem já estar fatigados de histórias de travessuras de crianças; já conhecem suficientemente o que foi o nosso memorando em sua meninice(...)”,p 49
 “ Os leitores devem estar lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia(...), p 25, dentre outras.
     
      O sargento descrito na obra é um personagem que realmente existiu. Ao pesquisarmos descobrimos que o autor trabalhou no jornal com um senhor de certa idade chamado Antônio Ramos que contava seus casos vividos no tempo de sargento. Foi destes relatos que inspirou o autor a descrever a obra.
      Essa obra surgiu por necessidade; houve uma quebra de ruptura de contrato entre o autor e o jornal. E a necessidade de ser publicado algo no folhetim, o autor então passa a escrever anonimamente o romance, assumindo o pseudônimo de “Um Brasileiro”.
      Para Massaud Moisés a obra é considerada como pré-realismo, pela aproximação com a realidade das classes média do Rio de Janeiro.

      “A novela de Manuel Antônio de Almeida ocupa um lugar especial no cenário de nossa ficção romântica, graças à sua originalidade, aparentemente fruto de geração espontânea, e que não deixou continuadores. É o que nos permite vislumbrar o capítulo introdutório, cujos ingredientes mais importantes destoam de tudo quanto oferece a prosa coeva. Note-se que a ação transcorre nos tempos do rei, D. João VI: sabemos que durante o fastígio romântico, a ficção histórica foi amplamente cultivada; entretanto, o distanciamento cronológico das Memórias de um Sargento de Milícias é de poucos anos, o que autoriza a classificá-las antes de novela de memórias que histórica.”
(Massaud Moisés, A Literatura Brasileira através dos textos, Cultrix, São Paulo, 1º ed 1971, 173.)

      Todos os personagens cometem erros e no decorrer do Romance o leitor irá perceber que eles utilizam de malandragem para chegar a seus objetivos, inclusive o personagem principal Leonardo, mas, apesar de suas travessuras e malandragem; se torna, com a ajuda do Sargento Vidigal, Sargento de Milícia e se casa com sua amada Luisinha.
      A obra traz conceito do gênero narrativo Romance e o conceito do gênero narrativo Novela. Considerada híbrida, por a obra ser simples demais para ser um romance e complexa para ser uma novela. Do ponto de vista de personagem a obra seria um romance, já no ponto de vista de capítulo seria uma novela.
      O espaço da obra é o Rio de Janeiro periférico, nas camadas baixa e média. Relata os mundos das mulatas, dos meirinhos, das crenças religiosas popular, acentuando nos aspectos social e cultural. Relatam à convivência das ruas, praças, as andanças dos personagens pelo Rio de Janeiro; e não a vida íntima dos casais que era predominância do estilo Romantismo.
      As personagens em geral são planos ou esféricos, são psicologicamente artificiais, não possui uma profunda dúvida existencial, prioriza mais a ação do que a reflexão dos personagens. Os personagens não surpreendem o leitor e possuem características sociais (não apenas o nome), mas as funções sociais que aparecem no enredo; os personagens são caricatos e engraçados.
      A verossimilhanças do Romance urbano é menos fantasiada, com personagens mais reais do que outros Romances. Ao nos deparamos com as estórias dessas personagens, notamos o quanto elas carregam em suas trajetórias todas as características da sociedade da época, como os costumes, as culturas, a religião e suas peculiaridades e as questões sociais. Sendo assim, uma aproximação mais fidelíssima à realidade é apresentada na obra.

      O grupo observou ao ler a obra que todos os personagens cometem deslize e tentam se safar deles; e que as leis não se valiam a todos, estes comportamentos são o que mais se aproxima com a realidade nos dias de hoje. 

domingo, 5 de junho de 2016

Parnasianismo

Autor Vicente de Carvalho


Postado por: Adriana, Mônica, Gilney, Geovane e Alexandre

Atividades Práticas Supervisionadas são atividades supervisionadas por um professor, a serem desenvolvidas fora do horário das disciplinas de cada curso. A disciplina vinculada para nossa APS será Literatura Brasileira, Poesia, com o Tema: Ferramentas do Professor de Literatura, em que devemos formar um grupo e, sob orientação do professor Orientador, nos organizarmos a partir do tema proposto, no qual, nós alunos, em grupo, devemos selecionar um capítulo de um livro didático que trabalhe um poema de Literatura Brasileira e prepararmos uma aula de aprox. 15 minutos sobre o tema escolhido, auxiliada por uma breve avaliação pela qual os alunos praticarão os conhecimentos adquiridos durante a aula.
O objetivo dessa atividade é possibilitar uma vivência prática das teorias aprendidas no decorrer das disciplinas de Literatura Brasileira em sala de aula, proporcionando ao aluno um subsídio para o estudo com o livro didático de Literatura, especialmente dos tópicos que tratam da poesia brasileira, para que o estudante tenha uma visão Inter e multidisciplinar da realidade que será enfrentada na vida escolar e profissional.
  
Relatório da Atividade Prática Supervisionada

O grupo é composto por cinco integrantes e o autor escolhido foi Vicente Augusto de Carvalho, Santista, Brasileiro, Parnasiano. Não é muito comum encontrar informações sobre o autor nos livros de Ensino Médio. Tivemos que lidar com este novo desafio que sustentasse o trabalho. No Parnasianismo Brasileiro quem mais se destacou foi Olavo Bilac, juntamente com os autores que fizeram parte da Tríade: Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. Encontradas as informações sobre o autor, fizemos uma pesquisa da sua escola literária, sua vida, poemas escritos e atividades para serem usadas como método avaliativo; em seguida preparamos nossa aula.


PLANO DE AULA

O plano de aula foi baseado nos pontos mais importantes sobre o autor Vicente de Carvalho. Preparamos uma aula com uma didática simples para que o aluno se interesse pela aula:
a.  Escola literária e suas características;
b. Principais característica do autor e suas obras;
c. Análise do poema A fonte e a flor;
d. Exercícios de múltipla escolha para avaliação.


A ESCOLA LITERÁRIA

Sobre a escola literária destacamos que o Parnasianismo teve seu início na França no começo da década de 1860, por um grupo de poetas que acreditava que a literatura não se deveria pautar pelo engajamento social e sim para se aproximar aos ideais estéticos greco-latino. Os parnasianos se preocupavam com a estética do poema, Arte pela Arte, que significa arte autônoma, sem razões funcionais, objetiva, cultuando a forma.


SOBRE O AUTOR & A OBRA ESCOLHIDA

Vicente Augusto de Carvalho nasceu e faleceu na cidade de Santos-SP (1866-1924), foi advogado, jornalista, político, abolicionista, fazendeiro, deputado, magistrado, poeta e contista brasileiro. Suas principais obras foram: Ardentias (1885), Relicário (1888), Rosa, rosa de amor (1902), e Poemas e Canções (1908). O poema de Vicente de Carvalho que escolhemos foi A fonte e a flor. Através dele ressaltamos uma das características do parnasianismo, culto da forma e o uso de rimas ricas. As rimas são consideradas ricas porque contem classes gramaticais diferentes, como verbo-adjetivo, adjetivo-sujeito, adjetivo-verbo, verbo-sujeito:

“Deixa-me fonte!” Dizia  (v)
A flor, tonta de terror.      (a)
E a fonte, sonora e fria     (a)
Cantava, levando a flor.   (s)

E a fonte, rápida e fria,            (a)
Com um sussurro zombador,   (a)
Por sobre a areia corria,           (v)
Corria levando a flor.               (s)

Destacamos também a ruptura da sintagmática neste verso:

“Deixa-me fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.  

Nestes versos ressaltamos umas das características do parnasianismo no qual o uso dessa ruptura promove a rima perfeita. Finalmente, falamos da Impassibilidade e do Descritivismo presente no poema; observamos que não há subjetividade do autor no poema, embora ele esteja descrevendo um acontecimento que nos causa tristeza; ele não mostra sentimentalismo, apenas descreve os acontecimentos.


A AVALIAÇÃO

Para ministrar nossa aula, usamos slides com os tópicos e aplicamos exercícios para avaliação. Elaboramos um questionário de múltipla escolha para que cada aluno pudesse analisar cada opção de resposta de acordo com o que eles compreenderam sobre o poema e a escola literária sugerida. No total foram apresentadas quatro questões, algumas selecionadas de provas de vestibular.


FINALIZAÇÃO

Após toda a pesquisa, montagem, planejamento de aula, aula ministrada e correções de possíveis falhas, postamos nosso material no blog da sala: literatico.blogspot.com.br. Todo nosso trabalho foi orientado e revisado pela Professora Orientadora da disciplina vinculada.

  
CONCLUSÃO

Utilizando os livros didáticos como apoio para a realização deste trabalho, no qual os cinco integrantes do grupo estavam de acordo; fizemos um trabalho apoiado no texto descritivo, com a intenção de apenas informar os principais fatos dentro de um contexto, deixando o material claro e dinâmico. O tema escolhido pelo grupo foi “O Parnasianismo de Vicente de Carvalho” e a nossa preocupação foi como trabalhar com o Ensino Médio de forma que ficasse claro as características do período e do autor. Optamos por começarmos fazendo uma introdução da escola literária, onde ela se formou, porque se formou e quais são suas características preparando o aluno para que ao ler o poema tenha uma breve referência de seu contexto histórico entendendo o porquê do escritor possuir tais características como a preocupação da forma, a arte pela arte, cultuar a forma, etc.
Assim, foi possibilitado aos alunos um melhor aproveitamento e rendimento nos quesitos compreensão/aprendizado, tendo como base as explicações selecionadas, as quais foram centralizadas no poema apresentado em sala de aula. O conteúdo resumido e focado nos detalhes e características da escola literária foi primordial para que os alunos pudessem melhor conhecer e aprofundar na poesia de Vicente de Carvalho. O questionário aplicado ao fim da aula foi outro fator de extrema relevância, pois, proporcionou aos alunos uma liberdade de pensamento para melhor avaliarem suas respostas de acordo com os materiais apresentados.
O grupo obteve aproveitamento nesse trabalho, desenvolvendo uma visão mais crítica e realista na tarefa de ministrar uma aula de literatura para o Ensino Médio e adquiriu pensamentos inovadores quanto à docência.
Esta aula foi ministrada no tempo de 15 minutos, o tempo exigido pela APS de nosso curso.
















sexta-feira, 3 de junho de 2016

Misticismo, Amor e Morte

Postado por: Mainá Alves, Letícia Maria, Ana Flávia e Edejane Paiva

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

           Logo quando falamos em Simbolismo brasileiro, associamos imediatamente o movimento literário a seu principal representante: Cruz e Sousa. Porém, Alphonsus de Guimaraens também trouxe uma grande contribuição para esse movimento tão significativo na Literatura do nosso país.
            
           O objetivo é fazer uma análise do autor e suas obras, em especial “Ismália”, uma de suas poesias mais famosas e comentadas pelos críticos literários. Alguns a consideram como a poesia do suicídio mais bonito da Literatura brasileira. Faremos uma conexão entre as características próprias do período com as do poeta. 


SIMBOLISMO NO BRASIL

            Ao contrário do que ocorreu na Europa, o Simbolismo se sobrepôs ao Parnasianismo, no Brasil. Apesar disso, a produção simbolista deixou contribuições significativas, preparando terreno para as grandes inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia.

            As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX, e seu marco introdutório foi a publicação, em 1893, das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de nosso maior simbolista: Cruz e Souza.

CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA

            Misticismo e Espiritualismo – A fuga da realidade leva o poeta simbolista ao mundo espiritual. É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Uso de vocabulário litúrgico.
            Subjetivismo – A valorização do “eu” e da “irrealidade”, negada pelos parnasianos, volta a ter importância.
            Musicalidade – Para valorizar os aspectos sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão de outros recursos fonéticos tais como:
            Aliteração: Repetição sequencial de sons consonantais. As palavras com sons parecidos fazem com que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade;
            Assonância: É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema;
            Sinestesia: Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético;
            Letras Maiúsculas: Os poetas tentam destacar palavras grafando-as com letra maiúscula.

POESIA DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS

            O poeta Alphonsus de Guimaraens foi uma das principais expressões poéticas do período simbolista. Sua obra é marcada pela influência do Ultrarromantismo (a segunda geração do Romantismo Brasileiro), trazendo temas sombrios como a morte, o misticismo e a solidão.
            A morte da mulher amada – Constança, sua prima, que faleceu com apenas 17 anos – influenciou profundamente toda sua vida e obra literária. Sua poesia, equilibrada e uniforme, mostra toda sua misticidade e espiritualidade, utilizando quase sempre o tema da morte, como salvação para a alma. Apesar de também ter escrito sobre natureza, arte e religião, de alguma forma ele relacionava ou fazia referência à morte, nos fazendo recordar sua amada, Constança.
Em relação a métrica, seus poemas revelam influências Árcades e Renascentistas, porém não caem no Formalismo Parnasiano. Ele quase sempre preferiu o verso decassílabo, mas também não deixou de explorar outras métricas, como a redondilha maior – tradicional, medieval e romântica.
            O poema Ismália, é uma das poesias mais famosas do autor, assim como uma das que mais exprime o sentimentalismo e a valorização do ser espiritual.

Ismália
 Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Análise Poética
Na poesia, Ismália é uma personagem que tem uma desorientação mental, como vemos logo nos primeiros versos "Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...". A moça se perdeu em sua loucura, deixando-se levar pelo sonho e pelo irreal. Em sua fantasia inocente, a Lua aparece como um elemento crucial entre a vida e a morte, representando a sua passagem dessa vida para um plano espiritual, trazendo a sensibilidade, o poder instintivo, os sonhos e a ilusão.
            Ismália sempre almejava a Lua – como um amor idealizado – Para tanto, ela se entregou totalmente ao seu desejo, se desprendeu da realidade, fugiu, se fechou em uma torre, ficou alheia ao mundo. O sonho de Ismália era, porém, inalcançável, como podemos ver nos versos “Queria a lua do céu, queria a lua do mar...”, há uma confusão mental, pois, a Lua do mar, nada mais é do que a própria lua refletida no mar. A única forma de realizar seu desejo é através da morte, a maior das fugas e a solução para todos os problemas que atormentam o ser humano. Sendo assim, ele finaliza com a consumação do suicídio “Sua alma, subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar...”.

Agora, para saber se você aprendeu mesmo as características do movimento literário Simbolismo no Brasil e do nosso poeta, temos a seguinte questão:

(UEPA-PA) Sobre Alphonsus de Guimaraens, afirma Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, “… foi poeta de um só tema: a morte da amada”.

Essa obsessão faz a natureza cúmplice permanente de suas dores, como se vê na seguinte estrofe desse poeta:

 (A) “Ontem, à meia-noite, estando junto
A uma igreja, lembrei-me de ter visto
Um velho que levava às costas isto:
Um caixão de defunto.”

 (B) “Espectros que têm voz, sombras que têm tristezas
Perseguem-me: e acompanho os apagados traços
De semblantes que amei fora da natureza.”

 (C) “E o sino canta em lúgubres responsos
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

 (D) “O olhar feto no chão, como desfeito
Em sangue, o velho, sem me olhar segura,
E ouvir-lhe a única frase que dizia:
Vou levando o meu leito.”

 (E) “Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.”


Vou dar um tempinho pra você pensar...







A resposta correta é...

... E

Você acertou? Parabéns!!!