Romantismo
Anjo és
Anjo és tu, que esse
poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em
mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem
fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se
inclina,
E minha alma forte,
ardente,
Que nenhum jugo
respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu
poder.
Anjo és tu, não és
mulher.
Anjo és. Mas que anjo és
tu?
Em tua frente anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios
d'amor.
Teus olhos têm negra a
cor,
Cor de noite sem
estrela;
A chama é vivaz e é
bela,
Mas luz não tem. - Que
anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me
trouxeste
De Jeová ou Belzebu?
Não respondes - e em
teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado,
estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... Lágrima? -
Escaldou-me
Queima, abrasa,
ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo
maldito,
Que este ardor que me
devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má
hora
Em que mistérios se
esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?
O poema
"Anjo és", de Almeida Garrett, demonstra claramente a representação
da mulher no Romantismo. Nele, pode-se perceber toda a idealização da mulher:
ela é capaz de dominar o homem, o que se observa em "que me domina teu ser
o meu ser sem fim" e "minha alma forte anda humilde a teu
poder".
Em
alguns trechos, Garrett se mostra perturbado com a figura feminina por não
saber se é um anjo ou uma mulher. Por um lado, “frenéticos abraços”, “este
ardor que me devora” e “fogo eterno” remetem a uma certa sensualidade, e isso o
faz acreditar que ela é uma mulher. Porém, ele também acredita que ela é um
anjo, tamanho o poder que ela tem sobre ele, o que fica claro no seguinte
verso: "E minha alma forte anda humilde a teu poder”.
Realismo
Já no realismo,
as mulheres são bem menos idealizadas e mais condizentes com a realidade, tendo
uma personalidade concreta e não meramente uma figura cercada de mistério e
exagero. Como, por exemplo, Capitu do romance de Machado de Assis, Dom
Casmurro.
Capitu é
caracterizada como mulher de vontade firme, determinada e sensual. Ela faz uso
de artimanhas com o propósito de desafiar as condições impostas às mulheres da
época. “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do
que eu era homem. Se ainda o não disse, aí fica”. Esse trecho da obra
exemplifica claramente como as mulheres no realismo não eram frágeis figuras
etéreas no imaginário do escritor, mas uma presença forte com características
próprias e nada idealizadas.
Sofia também é
outra personagem feminina nem um pouco idealizada. Belíssima, charmosa,
narcisista, exibida publicamente pelo marido que se compraz em vê-la encantar
os homens, ela usa todas as técnicas possíveis de sedução, para tirar proveito
de Rubião, sem jamais chegar ao adultério.
Há também o
exemplo do livro “O Cortiço”, onde existem varias personagens femininas
totalmente não idealizadas, como, por exemplo, Bertoleza, que é uma escrava que
pensa ter comprado sua liberdade, representando assim o trabalhador escravo. Na
obra ela geralmente aparece fazendo trabalhos domésticos, uma coisa impensável
no período romântico.
Há também no
mesmo livro a Rita Baiana, a mulata sensual do Cortiço, representando a mulher
brasileira. Ela se aproveita da sua beleza para se casar com Jerônimo e
melhorar de vida.
nota 10
ResponderExcluirPerfeito..
ResponderExcluirPerfeito ,maravilhoso ,adorei.
ResponderExcluirsó bem gay
ResponderExcluirmentira so não
Mt bom. Amei a explicação ☺️
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