segunda-feira, 28 de novembro de 2016

CAPITÃES DA AREIA: UMA DENÚNCIA

Este relatório, tem como objetivo principal, desenvolver uma análise e apresentar pontos essenciais para o entendimento da obra “Capitães da Areia” de Jorge Amado. 

A trama se desenrola a partir da seguinte premissa: O termo “Capitães da Areia” faz referência aos meninos de rua da cidade de Salvador, menores, cuja vida marginal é explicada, de uma forma geral, por tragédias familiares relacionadas à condição de miséria e descaso público. O grupo de meninos que forma os Capitães se esconde em um “trapiche” abandonado em uma das praias da capital baiana.

Os personagens que compõem o núcleo central da narrativa apresentam algumas particularidades: “João Grande” possui uma força bruta, porém é o mais sensível e companheiro de todos. O “Professor” é lembrado por ser o único que sabe ler. O “Sem-Pernas” é lembrado pela arrogância e amargura com que trata a todos. A opressão sertaneja é representada por “Volta-Seca”, a beleza e a sexualidade por “Gato”. A malandragem por “Boa-Vida”, e a tendência à religiosidade se manifesta em “Pirulito”. Todos são liderados por Pedro Bala.


Órfão desde muito cedo, Pedro descobre o passado de seu pai, um líder operário assassinado durante uma greve. Quem lhe dá a informação é João de Adão, organizador de greves que abre ao menino as portas da luta trabalhista. Pedro prefere continuar a organizar os assaltos e roubos cometidos pelo bando, participando das ações mais perigosas.

II. Sobre o Autor



(Imagem: www.releituras.com/jorgeamado_bio.asp)
           


Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto de 1912, e passou a infância em Ilhéus. Aos 19 anos surpreendeu a crítica e o público com o lançamento do romance "O País do Carnaval". Desenvolveu uma literatura politicamente engajada e, nos anos seguintes, publicou "Cacau" (1933), "Suor" (1934), “Jubiabá" (1935) e "Capitães da Areia" (1937).

Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo participado da Assembleia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Perdeu o mandato em 1948, depois que o PCB foi colocado na ilegalidade. Deixou o Brasil e viveu cinco anos na Europa e na Ásia.

Com Gabriela, Cravo e Canela (1958) iniciou nova fase literária, marcada por um estilo picaresco, de personagens malandros e bufões. Morreu em 6 de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais traduzido e conhecido em todo o mundo.

Suas principais obras são: "O país do carnaval" (1930), "Suor" (1934), "Mar Morto" (1936), "Capitães da areia" (1937), "Gabriela, cravo e canela" (1958), "A morte e a morte de Quincas Berro d’Água" (1961), "Dona Flor e seus dois maridos" (1966), "Tieta do agreste" (1977), "Farda, fardão, camisola de dormir" (1979) e muitas outras.

III. A Obra

III.I. Capitães da Areia e seu Caráter Social

            Publicado em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Em 1940, marcou época na vida literária brasileira, com nova edição, e a partir daí, sucederam-se as edições nacionais e em idiomas estrangeiros. A obra teve também adaptações para o rádio, teatro e cinema. Documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em páginas carregadas de beleza, dramaticidade e lirismo.

            A trama tem o espaço e o tempo bem definidos. O enredo se desenrola na capital da Bahia, a cidade de Salvador, em 1930. O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente (que sabe tudo o que ocorre). Essa característica narrativa possibilita que seja cumprida uma tarefa facilmente notada pelo leitor: mostrar o outro lado dos Capitães da Areia. O narrador, ao penetrar na mente dos garotos, apresenta não apenas as atitudes que a vida de marginalidade os obriga a tomar, mas também as aspirações, os pensamentos ingênuos e puros, comuns a qualquer criança. O narrador não se esforça por ser imparcial; participa com seus comentários e críticas, muitas vezes sutis, mas sempre favoráveis aos Capitães da Areia.

            No início da obra há uma série de reportagens fictícias que explicam a existência de um grupo de menores abandonados e marginalizados que aterrorizam a cidade de Salvador e é conhecido por Capitães da Areia. Também há cartas de leitores do jornal que apoiam o grupo ou que o repudiam. Após esta introdução, inicia-se a narrativa que gira em torno das peripécias desse grupo que sobrevive basicamente de furtos. Porém, apesar de certa linearidade, a história é contada em função dos destinos de cada integrante do grupo de forma a montar um quebra-cabeça maior.

         A obra não possui um personagem principal. Para indicar um protagonista, o mais apropriado seria apontar o conjunto do bando, ou seja, os Capitães da Areia como grupo. Isso porque as ações não giram em torno de um ou de outro personagem, mas ao redor de todos. Pedro Bala, o líder do bando, não é mais importante para o enredo do que o Sem-Pernas ou o Gato. Pode-se dizer que ele é o líder do bando, mas não lidera o eixo do romance. Daí a ideia de que o protagonista é o elemento coletivo, e cada membro do grupo funciona como uma parte da personalidade, uma faceta desse organismo maior que forma os Capitães da Areia.

           O livro é uma denúncia sobre o descaso social e político que ocorre com as crianças de rua à mercê da violência e da marginalidade. Tem um caráter jornalístico, tentando aproximar-se o máximo possível da realidade, pois sabemos que essa história apesar de ser fictícia, há muitas crianças abandonadas nas ruas, não apenas em Salvador, mas em todo o país. Também não é um problema só do Brasil, é um problema mundial.

É preocupante saber que esta obra foi escrita nos anos 30 e, ainda hoje, os jornais, telejornais e revistas trazem em suas colunas sobre problemas sociais, as notícias, com índices, gráficos e dados sobre o crescimento da violência e da marginalidade nas grandes capitais e também nas cidades de interior. Vemos a todo momento o aumento dos menores de idade envolvidos com o tráfico de drogas, prostituição e roubo. A obra pode ter mais de 70 anos, porém continua inevitavelmente atual.

O objetivo de Jorge Amado ao escrever “Capitães da Areia” é, com toda a certeza, denunciar esta situação e expor as suas críticas à sociedade burguesa da época e à não preocupação em salvar estes jovens e tirá-los das ruas para que tenham uma educação de qualidade e uma vida digna que lhes é garantido por direito em nossa Constituição, que nesse aspecto, compete às autoridades municipais e estaduais tomar providências cabíveis. E também, tomar atitudes de mudança sobre o reformatório, que logo no começo da obra, com “a carta de uma mãe”, faz uma denúncia sobre os maus tratos e as péssimas condições à que os jovens infratores são submetidos nesse lugar.

IV. Contexto Histórico

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse período foi um marco na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

A Era Vargas, teve início com a Revolução de 1930 onde expulsou do poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos:

Governo Provisório: 1930 a 1934
Governo Constitucional: 1934 a 1937
Estado Novo: 1937 a 1945

        

        Capitães da Areia, de Jorge Amado






Capitães da Areia, de Jorge Amado, tem como tema principal a sociedade, em específico os garotos de rua. A obra mostra as diferenças de classe, a má distribuição de renda e os efeitos da marginalidade na vida de crianças e adolescentes. A obra foi publicada em 1937 e pertence à primeira fase do escritor.

A narrativa, de cunho documental e realista, aborda a crueldade da vida dos meninos de rua, a luta diária por alimento e dinheiro. As desigualdades sociais e o comportamento violento dos meninos são abordados como frutos da marginalização; da desonestidade, do egoísmo e do pouco caso das classes dominantes. Mas o livro também mostra a pureza das crianças.

O ENREDO DE CAPITÃES DA AREIA


Capitães da Areia é dividido em quatro partes e a primeira é composta por supostas cartas em resposta a uma matéria sobre os capitães da areia. Algumas pessoas defendem e outras acusam o grupo. São quarenta meninos, mais ou menos, entre nove e dezesseis anos, sujos, que dormiam nas ruínas de um trapiche. Liderados por Pedro Bala, eles roubam para sobreviver, e desde muito jovens já bebiam e fumavam. Além desses pequenos expedientes, os Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães.


Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração, com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras das ruas e da areia à falsa instituição.

Um dia, a cidade de Salvador teve uma epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam isolados no lazareto. Almiro, o primeiro do grupo a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando.

Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora (que entrou para o bando tempos antes).

Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria. Após invadirem o reformatório, Pedro, Professor e Volta-Seca fugiram, levando Dora consigo. Não resistindo, ela morreu na manhã seguinte. Don’aninha embrulhou-a em uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus levou-a em seu carro, jogando-a em alto mar. Dali pra frente, cada um seguiu seu rumo na vida.

OS PERSONAGENS DE CAPITÃES DA AREIA


Pedro Bala (em cerca de 90% do livro, ele foi o chefe dos Capitães da Areia, retirando do poder Raimundo, o antigo líder), Dora (chega no meio do romance com treze para quatorze anos e era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele), Professor (único parcialmente estudado do grupo, pois era o único que sabia ler), Gato, Volta-Seca, Sem Pernas, João Grande, Pirulito, Boa Vida, João-de-Adão, Don’Aninha, Padre José Pedro e Querido-de-Deus.


DESENVOLVIMENTO DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Capitães da Areia passa toda em Salvador contando a história dos meninos de rua, que assaltavam para sobreviver. O líder do bando se apaixona pela única menina que passa a integrar o grupo tempo depois de a história começar.



PROBLEMÁTICA DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Os meninos assaltavam para garantir seu “sustento” e são presos durante uma das ações. Os dois personagens principais conseguem libertar o grupo, mas acabam sendo pegos pela polícia.



CLÍMAX DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Quando Dora e Pedro Bala são presos, mas depois saem do reformatório e se encontram para uma noite de amor.


DESFECHO DA OBRA CAPITÃES DA AREIA


Após serem libertados, Pedro Bala e Dora passam uma noite de amor, mas ela acaba morrendo na manhã seguinte devido aos tratamentos que recebeu quando presa.



A LINGUAGEM DE CAPITÃES DA AREIA


É coloquial com expressões ditas no cotidiano sem formalidade e sem censura.



O ESPAÇO/TEMPO EM CAPITÃES DA AREIA


A história se passa toda na Bahia, em Salvador. A obra acontece na década de 1930.



NARRADOR E FOCO NARRATIVO DE CAPITÃES DA AREIA


Narrada em terceira pessoa, sendo o autor, Jorge Amado, apenas expectador. Ele se comporta, durante todo o desenvolvimento do tema, de maneira indiferente, criando e narrando os acontecimentos sem se envolver diretamente com eles.



CONTEXTO HISTÓRICO DE CAPITÃES DA AREIA


A obra, escrita na década de 1930, tem relação com o colapso econômico do Brasil após a queda da Bolsa de Nova York. Foi quando o Brasil viveu a Revolução de 30, reflexo da revolta de jovens militares, da população de classe média, do proletariado urbano e das oligarquias nordestinas e sulistas. Jorge Amado foi um dos mais importantes militantes dessa época e um dos autores responsáveis pela criação de um estilo novo na literatura, moderno e liberto da linguagem tradicional. Nele, incorporou-se a linguagem regional e as gírias locais.



ESCOLA LITERÁRIA DE CAPITÃES DA AREIA


Modernismo.

SOBRE O AUTOR DE CAPITÃES DA AREIA



















Jornalista e romancista, Jorge Amado nasceu na cidade de Itabuna, na Bahia, em 1912. Filho do Coronel João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado, passou a infância em Ilhéus. Cursou o secundário em Salvador, e viveu a adolescência no mesmo lugar, onde teve os primeiros contatos com a vida popular, que marcaria profundamente a sua obra.

Estreou na literatura em 1930, com a publicação da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Foi traduzido para 48 idiomas e dialetos. Teve também romances adaptados para o cinema, o teatro, o rádio e a televisão.
GRUPO: Evelyn, Larissa e Mariana

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AS ADAPTAÇÕES DE DOM CASMURRO

Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é umas das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre a sociedade brasileira. Narrado em primeira pessoa, Bentinho inicia então o projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de “atar as duas pontas da vida”.
Disponibilizamos um link para conhecer melhor e fazer a leitura integral da obra, já que esta é de domínio publico.


Devido a sua importância para a literatura brasileira, verificamos que além da obra original, existem várias adaptações, que atingem as diferentes faixas etárias, como:   


  • HQ:  


    Lançado pela editora Ática na coleção Clássicos Brasileiros em HQ.



Lançado pela editora Devir, a adaptação feita por Mario Cau e Felipe Greco venceu a categoria "Melhor Adaptação para Quadrinhos" no Troféu HQMIX,  o maior prêmio latino-americano do mercado de Histórias em Quadrinhos e Humor Gráfico.

  • Série de Televisão:



Exibido pela rede globo de televisão, em 9 e 13 de dezembro de 2008, a produção foi uma homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis.

  • Cinema:

  • Teatro:


O monólogo “As Sombras de Dom Casmurro” mostra a leitura do dramaturgo Toni Brandão sobre a emblemática obra de Machado de Assis. Com direção de Débora Dubois, a peça conta a história de Bentinho, apelidado por seus conhecidos de Dom Casmurro. O personagem, vivido por Marcos Damigo, revisita o sótão de sua antiga casa, onde estão escondidas memórias dolorosas.
Como no romance de Machado, a peça revela apenas o ponto de vista de Bentinho sobre a suposta traição, usando trechos significativos da obra original. A ideia é instigar a dúvida do público sobre a confiabilidade do narrador.

  • Adaptações Livres:
Charge

Memes nas redes sociais





Grupo: Fernanda Moura, Jorge Leandro, Mariana Vieira e Willian Almeida

Bibliografia:
https://catracalivre.com.br/sp/spetaculo/barato/as-sombras-de-dom-casmurro-adapta-romance-de-machado-de-assis-ao-teatro/
http://marcojacobsen.zip.net/
http://radiotirana.blogspot.com.br/2010/11/marco-jacobsen-resolve-o-misterio-de.html
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/minisseries/capitu.htm
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/dom-casmurro-analise-da-obra-de-machado-de-assis/
http://www.infoescola.com/livros/dom-casmurro/
http://mariocau.blogspot.com.br/2014/09/evento-26-trofeu-hqmix.html
http://ocinemadeothonbastos.com.br/filmes/filme03.html
http://www.aticascipione.com.br/produto/dom-casmurro-78

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Grupo: Gilney, Mônica, Adriana, Alexandre e Geovane.  

Memórias de um Sargento de Milícias                   

 LISTA DE PERSONAGENS

 Leonardo: protagonista que garante unidade à narrativa. O sargento de milícias a que se refere o título da obra é Leonardo, embora o personagem obtenha esse cargo somente nas últimas páginas do livro. 
Leonardo Pataca: pai de Leonardo, um meirinho (oficial de Justiça) que fora vendedor de roupas em Lisboa e, durante sua viagem ao Brasil, conhece Maria das Hortaliças, o que resultará no nascimento de Leonardo. 
Maria das Hortaliças: mãe de Leonardo, uma saloia (camponesa) muito namoradeira, que abandona o filho para ficar com outro homem. 
O Compadre ou O Padrinho: é dono de uma barbearia e toma a guarda de Leonardo após os pais abandonarem a criança. Torna-se um segundo pai para ele. 
A Comadre ou A Madrinha: mulher gorda e bonachona, apresentada como ingênua, frequentadora assídua de missas e festas religiosas. 
Major Vidigal: homem alto, não muito gordo, com ares de moleirão. Apesar do aspecto pachorrento, era quem impunha a lei de modo enérgico e centralizado. 
Dona Maria: mulher idosa e muito gorda, não era bonita, mas tinha aspecto bem-cuidado. Era rica e devotada aos pobres. Tinha, contudo, o vício das demandas (disputas judiciais). 
Luisinha: sobrinha de dona Maria. Seu aspecto, inicialmente sem graça, se transforma gradualmente, até se tornar uma rapariga encantadora. 
Vidinha: mulata de 18 a 20 anos, muito bonita, que atrai as atenções de Leonardo. 

EXPERIÊNCIA DE TRABALHAR COM A OBRA

      A experiência em trabalhar com uma obra desconhecida foi de um enriquecimento acadêmico para os integrantes do grupo. A obra Memórias de um Sargento de Milícias é estudada no Ensino Médio e é material em muitos vestibulares em todo país. Ao ler a obra de Manuel Antônio de Almeida nos deparamos com o primeiro personagem Pícaro da Literatura Brasileira. O herói que foge dos padrões dos heróis do período Romantismo e tem característica que antecede o próximo período o Realismo.
      O título possui uma ambiguidade, se as memórias são contadas na obra é de um sargento que descreve sua própria estória ou de alguém contando as memórias de um sargento. Neste caso, o segundo caso é válido. O sargento é a pessoa que é lembrada.
       A obra é escrita em 3º pessoa, o autor não participa ativamente da narração, o autor fica de fora, limitando- se somente a nos repassar o que vê. Assim o narrador é onisciente no qual oscila em dar palpites no decorrer da narração.
“ Os leitores devem já estar fatigados de histórias de travessuras de crianças; já conhecem suficientemente o que foi o nosso memorando em sua meninice(...)”,p 49
 “ Os leitores devem estar lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia(...), p 25, dentre outras.
     
      O sargento descrito na obra é um personagem que realmente existiu. Ao pesquisarmos descobrimos que o autor trabalhou no jornal com um senhor de certa idade chamado Antônio Ramos que contava seus casos vividos no tempo de sargento. Foi destes relatos que inspirou o autor a descrever a obra.
      Essa obra surgiu por necessidade; houve uma quebra de ruptura de contrato entre o autor e o jornal. E a necessidade de ser publicado algo no folhetim, o autor então passa a escrever anonimamente o romance, assumindo o pseudônimo de “Um Brasileiro”.
      Para Massaud Moisés a obra é considerada como pré-realismo, pela aproximação com a realidade das classes média do Rio de Janeiro.

      “A novela de Manuel Antônio de Almeida ocupa um lugar especial no cenário de nossa ficção romântica, graças à sua originalidade, aparentemente fruto de geração espontânea, e que não deixou continuadores. É o que nos permite vislumbrar o capítulo introdutório, cujos ingredientes mais importantes destoam de tudo quanto oferece a prosa coeva. Note-se que a ação transcorre nos tempos do rei, D. João VI: sabemos que durante o fastígio romântico, a ficção histórica foi amplamente cultivada; entretanto, o distanciamento cronológico das Memórias de um Sargento de Milícias é de poucos anos, o que autoriza a classificá-las antes de novela de memórias que histórica.”
(Massaud Moisés, A Literatura Brasileira através dos textos, Cultrix, São Paulo, 1º ed 1971, 173.)

      Todos os personagens cometem erros e no decorrer do Romance o leitor irá perceber que eles utilizam de malandragem para chegar a seus objetivos, inclusive o personagem principal Leonardo, mas, apesar de suas travessuras e malandragem; se torna, com a ajuda do Sargento Vidigal, Sargento de Milícia e se casa com sua amada Luisinha.
      A obra traz conceito do gênero narrativo Romance e o conceito do gênero narrativo Novela. Considerada híbrida, por a obra ser simples demais para ser um romance e complexa para ser uma novela. Do ponto de vista de personagem a obra seria um romance, já no ponto de vista de capítulo seria uma novela.
      O espaço da obra é o Rio de Janeiro periférico, nas camadas baixa e média. Relata os mundos das mulatas, dos meirinhos, das crenças religiosas popular, acentuando nos aspectos social e cultural. Relatam à convivência das ruas, praças, as andanças dos personagens pelo Rio de Janeiro; e não a vida íntima dos casais que era predominância do estilo Romantismo.
      As personagens em geral são planos ou esféricos, são psicologicamente artificiais, não possui uma profunda dúvida existencial, prioriza mais a ação do que a reflexão dos personagens. Os personagens não surpreendem o leitor e possuem características sociais (não apenas o nome), mas as funções sociais que aparecem no enredo; os personagens são caricatos e engraçados.
      A verossimilhanças do Romance urbano é menos fantasiada, com personagens mais reais do que outros Romances. Ao nos deparamos com as estórias dessas personagens, notamos o quanto elas carregam em suas trajetórias todas as características da sociedade da época, como os costumes, as culturas, a religião e suas peculiaridades e as questões sociais. Sendo assim, uma aproximação mais fidelíssima à realidade é apresentada na obra.

      O grupo observou ao ler a obra que todos os personagens cometem deslize e tentam se safar deles; e que as leis não se valiam a todos, estes comportamentos são o que mais se aproxima com a realidade nos dias de hoje.