TEMA: A REPRESENTAÇÃO DA
MULHER NA OBRA DE ANTONIO FELICIANO DE CASTILHO
RESUMO:
Neste trabalho de conclusão de
semestre, na disciplina de Atividades Práticas supervisionadas, ministrada pela
Professora Maria Goreti Lopes Cepinho, tivemos a oportunidade de ler,
interpretar e refletir sobre a visão do amor e a representação da mulher na
escola literária Romantismo. Essa pesquisa discorre sobre os aspectos
histórico-sociais do período romântico da literatura portuguesa, abordando a
visão do amor e a representação da mulher na primeira geração do Romantismo Português,
na obra do poeta António Feliciano de Castilho.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Portuguesa, António Feliciano de
Castilho, A noite do castelo..
ABSTRACT:
This semester completion of work, discipline activities supervised
practice, taught by Professor Maria Goreti Lopes Cepinho we had the opportunity
to read, interpret and reflect on the vision of love and the representation of
women in literary school Romanticism. This research discusses the historical
and social aspects of the Romantic period of Portuguese literature and analyze
a work of reflexive manner addressing the vision of love in the work of the
poet.
KEYWORDS: Portuguese Literature, António Feliciano de Castilho, Night Castle.
INTRODUÇÃO
Neste artigo apresentaremos
os aspectos históricos e sociais da época do Romantismo Português, bem como a
representação da mulher na primeira geração do Romantismo em Portugal e na Obra
de António Feliciano de Castilho. O trabalho contempla a obra do Autor em uma
análise
A REPRESENTAÇÃO DAS
MULHERES NA PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO SEGUNDO A OBRA DE ANTONIO FELICIANO
DE CASTILHO
O romantismo português foi um movimento artístico, político e
filosófico. Teve seu início nas décadas do século XVIII na Europa. Os autores
românticos preocupavam com si mesmos, tratando de um drama humano, amores
trágicos e desejos de escapismo.
“O
romantismo português acompanha as linhas gerais do movimento europeu, mas
adaptando-o à conjuntura sócio-econômico-cultural”. (MOISÉS, 2006, p. 251).
Segundo António Feliciano de Castilho a mulher era um ser inatingível,
inalcançável. Mantinham esse ideal de mulher vindo da escola literária
Trovadorismo, atribuído à época medieval, ainda na primeira fase do Romantismo.
Os homens idealizavam a mulher como uma musa que não se podia ter, era o
chamado amor platônico. Eles escreviam sobre amores, os
Dramas humano e ideias utópicos. O poema de António, ao qual
iremos tratar é de S. Mamede da Castanheira do Vouga,de 4 junho de 1830. “A
Noite do Castelo”, é um poema em quatro canto e só foi publicado em 1836, sua
história se passa na Idade Média.
O
trecho corresponde às partes 15 e 16 do Canto I.
A
NOITE DO CASTELO
“Doce era a voz de Inês, maga, sublime
Na harmonia e no afeto; hino a disséreis,
Digno do santuário onde nascia;
Suave como a brisa que madruga
Sonora entre os rosais, de si vertia
Pelo ouvido um frescor e uma inocência,
Como celeste orvalho. O que a não visse,
Escutando-a falar sentira amores;
O que acesas paixões nutrisse inquieto,
As esquecera ouvindo-a; e cada frase,
Simples, indiferente em lábios de outra,
Assumia nos seus matiz, perfume;
Voara, e inda nos ânimos trementes
Ficava ressoando, como pomba
Que fugindo pelo ar estampa n’água
De um lago atento as asas cor de neve...”
Verificamos na obra que o autor tem uma
linguagem formal da Era Romântica, segundo Moises (2006) é uma linguagem clássica,
louva a mulher, exaltando-a como mostra em “Doce era a voz de Inês, maga,
sublime”. Ele compara as belezas da natureza com as da mulher, como em “Suave
como a brisa da madrugada” e também temos partes que mencionam traços de
religiosidade, pois esse era um marco nas obras do autor ”Digno do santuário
onde nascia” pois o autor a trata como um objeto sagrado.
“...E o preço aos dons de Inês Inês ignora!
Como ela às mais, aos mais excede Adolfo,
Ilustre castelão da oposta margem,
Intrépido, e cortês. Mais de um combate
Lhe ganhara troféus, lhe alçara o nome.
Temido pelos infiéis, aceito às damas,
Na guerra vencedor, na paz vencido,
Pudera (se inda então durasse a usança
De fantasiar divisa) abrir no escudo
Águia entre as nuvens empolgando raios,
Pombas aos beijos entre crespas murtas,
Cisne em gorjeios de alta palma à sombra...”
Já neste segundo estrofe, nota-se o relacionamento de Inês
e Adolfo, onde Adolfo era da burguesia e cavalheiro, com muitas conquistas e
nome na sociedade da época.
“...Ninguém lho estranharia, que ao Levante
Guerreiro trovador não foi como ele.
Quando, após o combate, a quente lança
A gotejar depunha, a mão tão fera
Da mandora* nas cordas se ameigava
Para a casar com os improvisos cantos.
Era amor o seu estro, amor sua alma,
Sua existência amor. Outras lembranças
Do passado não tinha; outros cuidados
Lhe não dava o futuro. Aqui prendiam
Seus méritos gentis, seus vícios grandes;
E esses vícios que entre homens o infamavam,
Ante olhos feminis eram virtudes.
Fanático, ao seu ídolo imolava,
Se a captar-lhe o favor tanto cumprisse,
Os deveres, a vida, a glória mesma.
Bem que altivo de si, rendia às damas
O que bom cavaleiro às damas deve;
Mas, apenas cativo em braços de uma,
Por uma afrontaria o sexo inteiro,
Folgara dá-lo em vítima ao seu nume.
Todas por isso o receavam; todas
Ardiam ter em seus grilhões submisso
Este horrível leão; mas para ele
Mais que uma só mulher não tinha o mundo;
E essa é, de muito, Inês. Anos se contam
Que os inimigos seus debalde estudam
Apontar-lhe um transvio a novo afeto...”
Nesta ultima estrofe temos um conflito entre Adolfo e um
cavalheiro negro que supostamente duelaram pelo amor de Inês, “Por uma
afrontaria o sexo inteiro” assim como é contido em diversas outras obras, vemos
o marco trágico das obras Castilho. “Quando, após o combate, a quente lança / A gotejar depunha, a
mão tão fera.” e assim Adolfo
é morto por esse misterioso cavaleiro.
CONCLUSÃO:
Concluímos que
o presente artigo apresentou aspectos da obra de Antonio Feliciano de Castilho,
onde ele usa traços românticos, misturado a uma tipologia com a natureza. E é
visível que o autor de uma forma sucinta e singela em relação ao amor e às
mulheres de sua época conseguia atrair a atenção dos leitores para sua obra. E
não deixando de frisar que os traços religiosos o acompanharam por toda sua
história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Cademartori,L.(2004).
Períodos Literários (9°edição Ed., Vol. Volume 5, pág 5-78). São Paulo, SP:
Editora Ática.
Coutinho. A (2002). A Literatura no Brasil (6° edição
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Moisés, M. (1976). A Literatura Portuguesa Através dos
Textos (7° Ed., Vol7, pág 7-525). São Paulo, SP: Editora Cultix.
http://geopedrados.blogspot.com.br/2015/01/antonio-feliciano-de-castilho-nasceu-ha.html