sábado, 30 de maio de 2015

TEMA: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA OBRA DE ANTONIO FELICIANO DE CASTILHO


TEMA: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA OBRA DE ANTONIO FELICIANO DE CASTILHO
RESUMO:
Neste trabalho de conclusão de semestre, na disciplina de Atividades Práticas supervisionadas, ministrada pela Professora Maria Goreti Lopes Cepinho, tivemos a oportunidade de ler, interpretar e refletir sobre a visão do amor e a representação da mulher na escola literária Romantismo. Essa pesquisa discorre sobre os aspectos histórico-sociais do período romântico da literatura portuguesa, abordando a visão do amor e a representação da mulher na primeira geração do Romantismo Português, na obra do poeta António Feliciano de Castilho.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Portuguesa, António Feliciano de Castilho, A noite do castelo..
ABSTRACT:
This semester completion of work, discipline activities supervised practice, taught by Professor Maria Goreti Lopes Cepinho we had the opportunity to read, interpret and reflect on the vision of love and the representation of women in literary school Romanticism. This research discusses the historical and social aspects of the Romantic period of Portuguese literature and analyze a work of reflexive manner addressing the vision of love in the work of the poet.
KEYWORDS: Portuguese Literature, António Feliciano de Castilho, Night Castle.
INTRODUÇÃO
Neste artigo apresentaremos os aspectos históricos e sociais da época do Romantismo Português, bem como a representação da mulher na primeira geração do Romantismo em Portugal e na Obra de António Feliciano de Castilho. O trabalho contempla a obra do Autor em uma análise

A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES NA PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO SEGUNDO A OBRA DE ANTONIO FELICIANO DE CASTILHO

O romantismo português foi um movimento artístico, político e filosófico. Teve seu início nas décadas do século XVIII na Europa. Os autores românticos preocupavam com si mesmos, tratando de um drama humano, amores trágicos e desejos de escapismo.

  “O romantismo português acompanha as linhas gerais do movimento europeu, mas adaptando-o à conjuntura sócio-econômico-cultural”. (MOISÉS, 2006, p. 251).

Segundo António Feliciano de Castilho a mulher era um ser inatingível, inalcançável. Mantinham esse ideal de mulher vindo da escola literária Trovadorismo, atribuído à época medieval, ainda na primeira fase do Romantismo. Os homens idealizavam a mulher como uma musa que não se podia ter, era o chamado amor platônico. Eles escreviam sobre amores, os
Dramas humano e ideias utópicos. O poema de António, ao qual iremos tratar é de S. Mamede da Castanheira do Vouga,de 4 junho de 1830. “A Noite do Castelo”, é um poema em quatro canto e só foi publicado em 1836, sua história se passa na Idade Média.

O trecho corresponde às partes 15 e 16 do Canto I.

A NOITE DO CASTELO

“Doce era a voz de Inês, maga, sublime
Na harmonia e no afeto; hino a disséreis,
Digno do santuário onde nascia;
Suave como a brisa que madruga
Sonora entre os rosais, de si vertia
Pelo ouvido um frescor e uma inocência,
Como celeste orvalho. O que a não visse,
Escutando-a falar sentira amores;
O que acesas paixões nutrisse inquieto,
As esquecera ouvindo-a; e cada frase,
Simples, indiferente em lábios de outra,
Assumia nos seus matiz, perfume;
Voara, e inda nos ânimos trementes
Ficava ressoando, como pomba
Que fugindo pelo ar estampa n’água
De um lago atento as asas cor de neve...”

Verificamos na obra que o autor tem uma linguagem formal da Era Romântica, segundo Moises (2006) é uma linguagem clássica, louva a mulher, exaltando-a como mostra em “Doce era a voz de Inês, maga, sublime”. Ele compara as belezas da natureza com as da mulher, como em “Suave como a brisa da madrugada” e também temos partes que mencionam traços de religiosidade, pois esse era um marco nas obras do autor ”Digno do santuário onde nascia” pois o autor a trata como um objeto sagrado.

“...E o preço aos dons de Inês Inês ignora!
Como ela às mais, aos mais excede Adolfo,
Ilustre castelão da oposta margem,
Intrépido, e cortês. Mais de um combate
Lhe ganhara troféus, lhe alçara o nome.
Temido pelos infiéis, aceito às damas,
Na guerra vencedor, na paz vencido,
Pudera (se inda então durasse a usança
De fantasiar divisa) abrir no escudo
Águia entre as nuvens empolgando raios,
Pombas aos beijos entre crespas murtas,
Cisne em gorjeios de alta palma à sombra...”

Já neste segundo estrofe, nota-se o relacionamento de Inês e Adolfo, onde Adolfo era da burguesia e cavalheiro, com muitas conquistas e nome na sociedade da época.

“...Ninguém lho estranharia, que ao Levante
Guerreiro trovador não foi como ele.
Quando, após o combate, a quente lança
A gotejar depunha, a mão tão fera
Da mandora* nas cordas se ameigava
Para a casar com os improvisos cantos.
Era amor o seu estro, amor sua alma,
Sua existência amor. Outras lembranças
Do passado não tinha; outros cuidados
Lhe não dava o futuro. Aqui prendiam
Seus méritos gentis, seus vícios grandes;
E esses vícios que entre homens o infamavam,
Ante olhos feminis eram virtudes.
Fanático, ao seu ídolo imolava,
Se a captar-lhe o favor tanto cumprisse,
Os deveres, a vida, a glória mesma.
Bem que altivo de si, rendia às damas
O que bom cavaleiro às damas deve;
Mas, apenas cativo em braços de uma,
Por uma afrontaria o sexo inteiro,
Folgara dá-lo em vítima ao seu nume.
Todas por isso o receavam; todas
Ardiam ter em seus grilhões submisso
Este horrível leão; mas para ele
Mais que uma só mulher não tinha o mundo;
E essa é, de muito, Inês. Anos se contam
Que os inimigos seus debalde estudam
Apontar-lhe um transvio a novo afeto...”

Nesta ultima estrofe temos um conflito entre Adolfo e um cavalheiro negro que supostamente duelaram pelo amor de Inês, “Por uma afrontaria o sexo inteiro” assim como é contido em diversas outras obras, vemos o marco trágico das obras Castilho.Quando, após o combate, a quente lança / A gotejar depunha, a mão tão fera.” e assim Adolfo é morto por esse misterioso cavaleiro.
                                            

CONCLUSÃO:
Concluímos que o presente artigo apresentou aspectos da obra de Antonio Feliciano de Castilho, onde ele usa traços românticos, misturado a uma tipologia com a natureza. E é visível que o autor de uma forma sucinta e singela em relação ao amor e às mulheres de sua época conseguia atrair a atenção dos leitores para sua obra. E não deixando de frisar que os traços religiosos o acompanharam por toda sua história.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Cademartori,L.(2004). Períodos Literários (9°edição Ed., Vol. Volume 5, pág 5-78). São Paulo, SP: Editora Ática. 
Coutinho. A (2002). A Literatura no Brasil (6° edição ed., Vol. Volume 3, pág. 4-355). São Paulo, SP: Editora Global.
Moisés, M. (1976). A Literatura Portuguesa Através dos Textos (7° Ed., Vol7, pág 7-525). São Paulo, SP: Editora Cultix.

http://geopedrados.blogspot.com.br/2015/01/antonio-feliciano-de-castilho-nasceu-ha.html

sexta-feira, 29 de maio de 2015

A Retratação da Mulher no Romantismo e Realismo

Romantismo

Anjo és

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.

Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua frente anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não tem. - Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?

Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... Lágrima? - Escaldou-me
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

O poema "Anjo és", de Almeida Garrett, demonstra claramente a representação da mulher no Romantismo. Nele, pode-se perceber toda a idealização da mulher: ela é capaz de dominar o homem, o que se observa em "que me domina teu ser o meu ser sem fim" e "minha alma forte anda humilde a teu poder".

Em alguns trechos, Garrett se mostra perturbado com a figura feminina por não saber se é um anjo ou uma mulher. Por um lado, “frenéticos abraços”, “este ardor que me devora” e “fogo eterno” remetem a uma certa sensualidade, e isso o faz acreditar que ela é uma mulher. Porém, ele também acredita que ela é um anjo, tamanho o poder que ela tem sobre ele, o que fica claro no seguinte verso: "E minha alma forte anda humilde a teu poder”.

Realismo

Já no realismo, as mulheres são bem menos idealizadas e mais condizentes com a realidade, tendo uma personalidade concreta e não meramente uma figura cercada de mistério e exagero. Como, por exemplo, Capitu do romance de Machado de Assis, Dom Casmurro.

Capitu é caracterizada como mulher de vontade firme, determinada e sensual. Ela faz uso de artimanhas com o propósito de desafiar as condições impostas às mulheres da época. “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem. Se ainda o não disse, aí fica”. Esse trecho da obra exemplifica claramente como as mulheres no realismo não eram frágeis figuras etéreas no imaginário do escritor, mas uma presença forte com características próprias e nada idealizadas.

Sofia também é outra personagem feminina nem um pouco idealizada. Belíssima, charmosa, narcisista, exibida publicamente pelo marido que se compraz em vê-la encantar os homens, ela usa todas as técnicas possíveis de sedução, para tirar proveito de Rubião, sem jamais chegar ao adultério.
                                                                                                        
Há também o exemplo do livro “O Cortiço”, onde existem varias personagens femininas totalmente não idealizadas, como, por exemplo, Bertoleza, que é uma escrava que pensa ter comprado sua liberdade, representando assim o trabalhador escravo. Na obra ela geralmente aparece fazendo trabalhos domésticos, uma coisa impensável no período romântico.

Há também no mesmo livro a Rita Baiana, a mulata sensual do Cortiço, representando a mulher brasileira. Ela se aproveita da sua beleza para se casar com Jerônimo e melhorar de vida.

No Romantismo, as angelicais e idealizadas mulheres eram o estereótipo que a burguesia pretendia ser, mas nem sempre conseguia. No realismo os tempos eram outros: a sociedade burguesa estava estabelecida e os realistas a criticavam. Eles retratavam em suas personagens uma coletividade, e não características e situações individuais. 

lirismo Joao de Deus

Introdução: 

João de Deus de Nogueira Ramos nasceu a 8 de Março de 1830 em Bartolomeu de Messines, uma vila em Silves. Era filho de um mercador local, cujo gastava dinheiro nos filhos, até mais do que podia. Devido a razões económicas teve de estudar num seminário até 1850, data em que entrou para a universidade de Coimbra como estudante de direito. Após nove anos da sua entrada, nos quais reprovou algumas vezes, formou-se. Mas a sua intelectualidade foi reconhecido desde o inicio, o poeta mais focado nas belas artes logo mostrou os seus dotes líricos, em 1855 a “Revista Académica” publicou a primeira obra do poeta. No período de tempo que frequentou a universidade escrevia para poder subsistir, contudo redigir não era o suficiente e porque os seus rendimentos familiares eram poucos e o seu insucesso académico continuava, o poeta chegou quase a viver em pobreza extrema, facto que contribuiu para a melancolia deste. Para o ajudarem, os seus companheiros de estudo reuniram as suas poesias, estas vieram a ser publicadas na imprensa coimbrã da época. A sua reputação veio a engrandecer e em 1858 foi alvo de um elogioso artigo publicado no instituto de Coimbra. Em 1859 após ter concluído o curso, o poeta escolhe permanecer no distrito exercendo um pouco de advocacia, mas continuando a escrever, agora poesia de carácter satírico.
 
Desenvolvimento:

Numa das suas tertúlias, o poeta decidiu candidatar-se ao cargo de deputado das Cortes como forma de receber bons valores monetários, e após um desempate João de Deus sai vitorioso contudo neste cargo esteve sempre muito ausente. Em 1868, pouco depois da sua eleição parlamentar, casa com Guilhermina das Mercês Battaglia, uma senhora de boas famílias, ganhando estabilidade na sua vida pessoal. Deste casamento nasceram Maria Isabel Battaglia Ramos e José do Espírito Santo Battaglia Ramos. Com o casamento e a passagem pelas Cortes, reflectindo uma maior disponibilidade para a literatura, inicia a publicação sistemática da sua obra poética e dramática. Logo nesse ano publica a colectânea “Flores do campo”, a que se segue, em 1869, uma pequena recolha de catorze poemas intitulada “Ramo de flores”, considerada a sua melhor obra poética.

Escola literária:


Perfil Literário Bibliográfico
Na literatura da sua época, João de Deus ocupou uma posição singular e destacada. Porque viveu nos finais do ultra-romantismo, aproximou-se da tradição folclórica de forma mais conseguida que qualquer outro escritor romântico português. A sua poesia distinguiu-se, sobretudo, pela grande riqueza musical e rítmica.
Grande parte da sua obra poética está presente em “Flores do Campo” publicada em 1868, “Folhas Soltas” (1876), e “Campos de Flores” (1893). Foi, ainda, autor de fábulas e de obras destinadas ao teatro, estas na maior parte dos casos são traduções e adaptações de autores estrangeiros. Grande parte da sua produção em prosa foi reunida na colectânea “Prosas”.